Eco

É pura satisfação pessoal, é gostoso ganhar uma boa discussão, quase que com orgulho levantamos a taça. Ao término do debate, não há prêmios, não ganhamos nada, apenas o prazer de ver coroado nosso ponto de vista.

Quem foi o político que deu aos professores a condição de estável; quem foi o campeão paulista em 1996; foi em 68, ou 69 que o homem pisou, pela primeira vez na lua? A proposta acertadora não beneficiará, em nada,o vencedor, mas é puro prazer, é a sobremesa predileta sendo servida, é saber que ela gosta de você.

O tempo passa, vamos ficando mais velhos e ninguém discute mais conosco, ou pelo fato de que ninguém fica muito ao lado dos velhos, ou a educação manda que não se discuta com os velhinhos, e a sensação de se ganhar uma boa discussão é um prazer que vai chegando à extinção: solução – aprender a falar sozinho.

Grandes debates íntimos são colocados em prática; em grande parte já se sabe de que lado está a razão, é então que a retórica, o poder de convencimento têm de se desdobrar para se sobrepor ao argumentador menos convincente. Quantas vezes a ironia, e o sarcasmo, são buscados para reforçar uma tese; fica até engraçado assistir a um litigante ironizar suas próprias alegações, mas se não houver provocações, o debate se dilui em amenidades...e perde a graça.

As falácias fazem do falastrão um guerreiro, aumenta o tom quando enuncia, deprecia as respostas que partem do outro lado, que na verdade é seu próprio lado, e ri da fragilidade do adversário, que no caso...é ele próprio.

Num mesmo ato, numa mesma cena, um, do alto do púlpito, e do outro lado, ele mesmo, agora plateia, monta suas estratégias, para se defender dos ataques perpetrados pelo antagonista.

Célebres litígios foram registrados em algum almanaque pessoal, onde o EU X Eu travaram homéricas batalhas; falar sozinho pode parecer uma loucura, mas é uma fonte inesgotável de prazer, e como é bom sair vitorioso, quando sua performance estabelece uma deliciosa vitória, mesmo que um tanto quanto facciosa.