PENSANDO ALHURES
Como enxergar a ponta de um possível fio imaginativo do pensamento quando se está diante daquele branco luminoso da tela do computador que reflete apenas um outro branco, o da memória, em sua total ausência de intenções?
Como inventar, então, a ação, contrariando as leis clássicas da Física?
Amarrando pedaços de arame entre os neurônios, no intuito de ajudar no aumento das sinapses?
Bebendo todo o vinho que baste a um cidadão medio, cumpridor das suas obrigações e que tem o seu nome a zelar?
Drogando-se, de preferência, adquirindo um cartão fidelidade do narcotráfico, resgatando o uso da heroína e voando com as milhas acumuladas?
Pedindo socorro aos remanescentes dos movimentos beat, hippie, hardcore punk... gótico?
Apelando para religião, correntes do Facebook, banhos de descarrego, palpite do colega do baba, do professor de yoga... para a diarista, que agora só dá as caras duas vezes por semana, para não criar vínculo?
Difícil tarefa, eu poderia dizer, mas observemos, é realmente uma situação calamitosa. O processo letárgico cerebral, conhecido popularmente como idiotismo, às vezes não é percebido assim de imediato. O indivíduo precisa ficar jogando Candy Crush por aproximadamente 12 horas diárias, achando que é uma daquelas guloseimas. Daí em diante, então, o tempo para o surto letárgico é relativo; varia de jogador para jogador.
Mas apesar de considerado epidêmico, ainda não existem estudos clínicos nesse sentido que indiquem algum tipo de medicamento para a cura. No entanto, estudiosos do assunto sugerem, como medida profilática, a leitura de um livro.
Qual? Ah, qualquer um. Um livro. Que se leia um livro!