Patativa
e a menina mendiga
1. Andam me perguntando por que não volto, mais vezes, aos versos do poeta Patativa do Assaré, meu conterrâneo. Dizem que eu devia aproveitar o meu insignificante site para divulgar, ainda mais, a obra desse talentoso vate da Terra de Iracema.
2. Leitores mais atrevidos, além de acharem que dou pouca importância ao trovador Patativa, o que não é verdade, ainda me acusam de usar uma frase do querido poeta de Triste Partida para justificar os erros de português encontrados nas minhas pequenas e insossas crônicas.
3. Sobre Patativa do Assaré tenho vários livros. Estão na minha estante dos escritores cearenses.
Pessôa Anta - Execução ou Assassinato, da doutora Maria Odele de Paula Pessôa, é o mais novo livro a chegar na minha estante alencarina.
4. A doutora Maria Odele, além de brilhante escritora, é Juíza de Direito em Fortaleza.
Pelo tema que aborda, seu livro "merece constar de respeitáveis bibliotecas pelas quais passem a nova inteligência brasileira, intolerante para com o autoritarismo e os crimes oficiais", correto comentário do jornalista Cid Sabóia de Carvalho, membro da Academia Cearense de Letras.
5. Muito bem. Tenho nas mãos o livro "Cante lá que eu canto cá". Ele reúne mais de uma centena de poemas do Patativa; talvez os mais conhecidos. Versos maravilhosos! Surpreendentes! Cantando o sertão; a vida no sertão; cantando a vida...
6. Me fez a ele retornar uma garotinha que, há pouco, me pediu, em plena avenida, "uma esmolinha pelo amor de Deus, moço!" Confessou-me ter entre dez e onze anos. Não sabe quem é seu pai e sua mãe estava na esquina, também pedindo esmola.
Óh! Como esse inesperado encontro me comoveu!
7. De volta ao meu gabinete, abri o "Cante lá que eu canto cá", e, em silêncio, reli o soneto "A menina mendiga".
Transcrevo-o em homenagem à garotinha mendicante que há pouco me estendeu a mão e me olhou nos olhos, pedindo esmola...
A menina mendiga
De pés descalços sobre o frio chão,/ Roto o vestido, em desalinho a trança,/ De porta em portaa mendigar o pão,/ Vai pela rua uma infeliz criança.
O seu estado causa compaixão,/ Ninguém lhe nota um riso de esperança,/ Sempre a estender a sua magra mão,/ Canta, pedindo com voz fraca e mansa:
-Ó nobre rico, tende piedade!/ Vede como inda no verdor da idade/ São dolorosos os martírios meus!/
Olhai a pobre que com fome cai:/ Não tenho mãe nem conheci meu pai,/ Dai-me uma esmola pelo amor de Deus!
10. Vejam: há sempre um motivo para um reencontro com os versos do Patativa do Assaré, pisciano como eu. Somos de 5 de março. Até qualquer hora.
e a menina mendiga
1. Andam me perguntando por que não volto, mais vezes, aos versos do poeta Patativa do Assaré, meu conterrâneo. Dizem que eu devia aproveitar o meu insignificante site para divulgar, ainda mais, a obra desse talentoso vate da Terra de Iracema.
2. Leitores mais atrevidos, além de acharem que dou pouca importância ao trovador Patativa, o que não é verdade, ainda me acusam de usar uma frase do querido poeta de Triste Partida para justificar os erros de português encontrados nas minhas pequenas e insossas crônicas.
3. Sobre Patativa do Assaré tenho vários livros. Estão na minha estante dos escritores cearenses.
Pessôa Anta - Execução ou Assassinato, da doutora Maria Odele de Paula Pessôa, é o mais novo livro a chegar na minha estante alencarina.
4. A doutora Maria Odele, além de brilhante escritora, é Juíza de Direito em Fortaleza.
Pelo tema que aborda, seu livro "merece constar de respeitáveis bibliotecas pelas quais passem a nova inteligência brasileira, intolerante para com o autoritarismo e os crimes oficiais", correto comentário do jornalista Cid Sabóia de Carvalho, membro da Academia Cearense de Letras.
5. Muito bem. Tenho nas mãos o livro "Cante lá que eu canto cá". Ele reúne mais de uma centena de poemas do Patativa; talvez os mais conhecidos. Versos maravilhosos! Surpreendentes! Cantando o sertão; a vida no sertão; cantando a vida...
6. Me fez a ele retornar uma garotinha que, há pouco, me pediu, em plena avenida, "uma esmolinha pelo amor de Deus, moço!" Confessou-me ter entre dez e onze anos. Não sabe quem é seu pai e sua mãe estava na esquina, também pedindo esmola.
Óh! Como esse inesperado encontro me comoveu!
7. De volta ao meu gabinete, abri o "Cante lá que eu canto cá", e, em silêncio, reli o soneto "A menina mendiga".
Transcrevo-o em homenagem à garotinha mendicante que há pouco me estendeu a mão e me olhou nos olhos, pedindo esmola...
A menina mendiga
De pés descalços sobre o frio chão,/ Roto o vestido, em desalinho a trança,/ De porta em portaa mendigar o pão,/ Vai pela rua uma infeliz criança.
O seu estado causa compaixão,/ Ninguém lhe nota um riso de esperança,/ Sempre a estender a sua magra mão,/ Canta, pedindo com voz fraca e mansa:
-Ó nobre rico, tende piedade!/ Vede como inda no verdor da idade/ São dolorosos os martírios meus!/
Olhai a pobre que com fome cai:/ Não tenho mãe nem conheci meu pai,/ Dai-me uma esmola pelo amor de Deus!
10. Vejam: há sempre um motivo para um reencontro com os versos do Patativa do Assaré, pisciano como eu. Somos de 5 de março. Até qualquer hora.