O QUE DEUS UNIU, O HOMEM SEPARA
O QUE DEUS UNIU, O HOMEM SEPARA
É muito estranho o que sinto neste momento para escrever este texto com um tema ou título tão pesado. Mas é assim que me sinto, infelizmente, maldito! Sou católico nato; Nasci sob as leis da Igreja Católica Romana e abominei todas as outras religiões. Santa ignorância! Criado sobre a insígnia das leis papal, obedeci todos os mandamentos que rege a Santa Igreja Católica. Hoje, como de costume fomos à missa. Eu, minha mulher e meu filho de cinco anos. Em especial, neste dia, data de seu aniversário. Chegamos muito cedo, e pude observar que em pouco tempo todos os bancos estavam ocupados. A cerimônia era acompanhada com alegria e entusiasmo. Oras, com oração intercalada com cânticos e louvores. Mas, num determinado momento da missa, o padre convidou os fiéis a participarem da Eucaristia. Ato em que o pão e o vinho representam o corpo e o sangue de Cristo. Todos foram convidados a se dirigem a uma fila, no centro da igreja, para receberem, das mãos do padre, a hóstia consagrada. Neste momento, eu e minha esposa ficamos onde estávamos, apenas a observar aquele ato. O nosso corpo fervilhava com o desejo de fazer parte daquele momento divino, mas não podemos! Segundo as normas de nossa querida Igreja,não podemos comungar, pois estamos em pecado. Vivemos em adultério, fornicação. Sabemos de nossa condenação! Fui casado com outra, e ela também. E como diz a célebre frase: ”O que Deus uniu, o homem não separa”. Triste condenação! Olhamos para o lado e estamos quase sozinhos. O ritual continua. Quando de repente sou surpreendido por duas mãozinhas a puxar me, pela gola de minha camisa; Era meu filho, de apenas cinco anos de idade, e logo fez uma pergunta. ”Papai o que é aquilo que o padre está dando para as pessoas?” Olho nos seus olhinhos curiosos e respondo. É a hóstia consagrada, filho! E ele me interroga! E o que é a hóstia consagrada, papai? Filho, a hóstia consagrada representa o pão da vida. Representa Deus. Ele olha novamente para mim e pergunta, ora mais e por que é que o senhor e a mamãe não vão receber o pão da vida. Vocês estão vivo! Olhei para ele, em sua inocência, e senti um entalo na garganta, descendo pelo peito, rumo ao coração, fechando me por dentro. Como poderia dizer para ele, que o principal motivo de não comungarmos era exatamente a minha relação conjugal com sua mãe, e que ele, é o fruto deste pecado. Mas preferi ficar calado. Sobre o altar inúmeras pessoas que com o jugo de juízes do apocalipse, poderiam facilmente lembrar nos, que nós não podemos comungar. Nos sentimos como os últimos dos desgraçados, condenados, sem absolvição. Ao olharmos para os lados observamos alguns casais na mesma situação. Condenados! A missa chega ao final. O padre dar a benção e ousamos a fazer o sinal da cruz. Calados, taxados, vigiados,... mas aliviados em não nos proibirem de receber o poder da benção. Saímos da Igreja de mãos dadas, como de costume, mas naquela noite foi diferente. Meu filho completava cinco aninhos de idade. Olhei para traz rumo ao altar e tive a sensação que faltou algo para a noite ser completa. As portas da igreja se fecharam, e em um pequeno banco fomos sentar. Olhei para os céus e tive uma estranha sensação de que estava errado. Ninguém pode nos condenar. Abracei meu filho e minha mulher, e recebi a mais linda forma de amor, quando ele nos abraçou e disse: Papai e mamãe eu amo vocês. Naquele momento o céu desabou. Foi aí que eu entendi o verdadeiro amor de Deus, não está nos vetos dos homens, crendices e rituais; mas na magia da vida, e como essência divina, se mostra na verdadeira face de Deus. Naquela noite não pude dar o presente que meu filho pediu, a hóstia consagrada, mas entendi que ele é o presente que Deus nos deu. Mais que uma simples hóstia, Ele é o fruto do verdadeiro amor que nos uniu, sem nenhuma condenação. Seguimos nosso caminho para casa, sem olharmos para traz, com a certeza que o pão da vida está conosco. Amém.