ATRÁS DA PORTA
Na escalada da linha da saudade minha mente é pura magia, me faz viajar pela rota do tempo, me remete a momentos passados então os assisto tais quais clássicas películas, coloca-me diante de personagens que um dia caminharam ao meu lado, são entes queridos, são amigos, são pessoas, seres memoráveis. Transporta-me a momentos inesquecíveis, um sonho quase real, por vezes só rumores.
Fecho os olhos e passo a divagar no infinito da imaginação e a navegar, a navegar, a navegar até alcançar o mais longínquo recanto das lembranças que marcaram o meu viver e que o meu coração suporta.
Ah, essa minha mania nostálgica de ser e de dar pequenas olhadelas na fresta da porta da saudade, espiar momentos, sondar acontecimentos que por vezes se misturam com alegrias, euforias, tristezas, desenganos. Todo esse fascínio não nego tem lá o seu perigo.
Numa dessas investidas deixei-me levar visitando um fato antigo, uma louca viagem, perdi o juízo. Fui flagrado, atingido por um turbilhão impetuoso, ato contínuo, alterou o meu presente. Que emoção é essa que me aperta que sufoca que me perturba, que inquieta minha alma como outrora fizera.
Aquelas sensações de êxtase e de emoção acreditava que estivessem bem trancadas do outro lado, mas agora afloram em minha alma como se o ontem persistisse, parece que foi ainda agora.
Percebo então que foi impossível fechar a porta do passado, apenas a deixei encostada e aquele momento esteve por todo o tempo sempre ali, escondido bem quietinho atrás da porta.