A FALTA DE JUSTIÇA, A FONTE DE TODO NOSSO DESCRÉDITO.
Reproduzo abaixo trecho do discurso "Requerimento de Informações sobre o Caso do Satélite - II", proferido, cerca de um século atrás, pelo saudoso jurista Rui Barbosa, no qual é retratada, de forma sucinta, a situação em que nosso país se encontrava política e economicamente falando, à época.
“A falta de justiça, Senhores Senadores, é o grande mal da nossa terra, o mal dos males, a origem de todas as nossas infelicidades, a fonte de todo nosso descrédito, é a miséria suprema desta pobre nação.
A sua grande vergonha diante do estrangeiro, é aquilo que nos afasta os homens, os auxílios, os capitais.
A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vêm nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade... promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as formas.
De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto...
Esta foi a obra da República nos últimos anos.
No outro regime (se referindo à monarquia), o homem que tinha certa nódoa em sua vida era um homem perdido para todo e sempre – as carreiras públicas lhe estavam fechadas. Havia uma sentinela vigilante, de cuja severidade todos se temiam e que, acesa no alto, guardava a redondeza, como um farol que não se apaga em proveito da honra, da justiça e da moralidade gerais...”
Se retrocedermos no tempo e analisarmos amiúde o momento político que nosso país atravessa, veremos que nada mudou. Apenas as personagens mudaram de nome, mas o cenário e o enredo da “obra” continuam sendo os mesmos de outrora.
“A falta de justiça, Senhores Senadores, é o grande mal da nossa terra, o mal dos males, a origem de todas as nossas infelicidades, a fonte de todo nosso descrédito, é a miséria suprema desta pobre nação.
A sua grande vergonha diante do estrangeiro, é aquilo que nos afasta os homens, os auxílios, os capitais.
A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vêm nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade... promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as formas.
De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto...
Esta foi a obra da República nos últimos anos.
No outro regime (se referindo à monarquia), o homem que tinha certa nódoa em sua vida era um homem perdido para todo e sempre – as carreiras públicas lhe estavam fechadas. Havia uma sentinela vigilante, de cuja severidade todos se temiam e que, acesa no alto, guardava a redondeza, como um farol que não se apaga em proveito da honra, da justiça e da moralidade gerais...”
Se retrocedermos no tempo e analisarmos amiúde o momento político que nosso país atravessa, veremos que nada mudou. Apenas as personagens mudaram de nome, mas o cenário e o enredo da “obra” continuam sendo os mesmos de outrora.