AGRADECIMENTOS?

AGRADECIMENTOS?

Agradecer é agradar; e eu devo agradar a quem ou ao quê? Prefiro romper e quebrar a palavra obrigado e continuar brigando com os meus deuses e demônios; morrer e nascer na noite de insônia e perceber que aos fracos e covardes o agradecimento é a desculpa de antemão. Não pretendo agradar, prefiro ao desagrado e ao desequilíbrio, pois, a partir deles, nascem o conhecimento e a liberdade.

Agradecer é verbo que vilipendia o suor e transformam as olheiras noturnas e o cansaço do corpo em uma necessidade de ser aceito. Todo discurso, que tem o outro como objetivo, é uma forma de violentar e se violentar, por isso, fico com todo o grito do silêncio e repudio todo verbo, toda palavra que produza resultados viciados.

Caso, fosse obrigado a agradecer, eu agradeceria ao meu desequilíbrio e ao paradoxo discursivo que sustenta a minha insônia produtiva. Agradeceria ao ruído do sono e ao barulho dos sonhos; não durmo e, tampouco, sonho; todavia, luto, refuto e desagrado a estabilidade e determinismo da vida com minha desobediência enquanto um ser. Um ser sem verdade e mentira, além nem aquém, simplesmente, um ser que não agradece nem a sol que nasce e nem a lua que surge, pois entende que tudo tem uma ordem e um trabalho para responder e, por saber disso, busca a desordem e a contraordem das coisas.

Agrado à escuridão, pois nela tateio e encontro a luz da liberdade que me conduz ao conhecimento e à minha total ambição; O além-do-homem.

Drº Agon