AS BODAS DA SEPARAÇÃO 
Crônica de:
 
Flávio Cavalcante

     Os casamentos de outrora realmente duravam e a promessa no altar perante as testemunhas e a autoridade do padre; a lei da promessa até que a morte nos separe era realmente levada a muito sério e a maioria dos casais que saía daqui nem sempre estava indo para um mar de rosas ou viverem o sonho de conto fadas como toda mulher sempre almejou.
 
     Já houve tempo em que a noiva era prometida pelo pai a um amigo rico e o sentimento de gostar ou não partia do anfitrião como se a mulher fosse objeto e não tivesse vontade própria. A sociedade marcava firme na língua se algo de errado viesse acontecer na vida e no dia a dia da convivência. A língua da sociedade era lei e os grandiosos fazendeiros mantinham a tradição do respeito afinco das grandes opiniões. O elogio tinha que vir dos quatro cantos da cidade que a filha do fulano ou do beltrano ia ter um excelente casamento e esposo. Viviam na hipocrisia de que um foi feito para o outro onde muitas vezes a mulher nem conhecia o noivo direito. Dádiva esta, muitas vezes era só poucos dias antes do casamento. Se gostasse ou não a noiva era apresentada e não tinha opção de escolha.
 
     Na desavença, no amor, na doença e etc o casal tinha que suportar qualquer situação lembrando da promessa dita no altar. Com esse respeito espiritual os anos iam passando e o casal passava a comemorar os anos de casamento chamado de bodas. Isso nos tempos de outrora.
 
     Hoje em dia parece que o casamento é levado como uma brincadeirinha de criança. Bateu o olho, teve a química, foi pra cama, amanhã tá marcando o casamento mesmo sem se conhecerem direito. Os tempos são outros e mudaram bastante. Lembro-me perfeitamente das palavras dos meus pais sobre o casamento e eu até entendia pela época que eles vieram que a família tinha que manter uma tradição e ser conservadora. E o homem escolhido pela mulher era o par feito e eterno mesmo que depois do casamento ela viesse descobrir que ele não era tão perfeito assim como imaginava. Este erro que tinha que ser riscado do caderno. Pois; seria fatal e eterno pra sua vida. A mulher tinha que carregar a Cruz pro resto da vida sem reclamar; pois, a escolha da perfeição partiu dela mesma.
 
     Talvez a individualidade da mulher venha trazer consigo essa evolução e deixar bem claro pra sociedade que ninguém é propriedade de ninguém e se o relacionamento não foi como o esperado, também não é a morte. A vida continua. Não deu, não deu, quem sabe da próxima meu Deus.
 
     Ninguém tem obrigação de conviver com o erro só pra dar satisfação a A ou a B. A harmonia é uma coisa sagrada e tem que estar presente cem por cento na vida do casal. Há pessoas que se acostumam a viver no mesmo teto mesmo sendo um cárcere de tormento, desgosto e desamor; afinal, cada cabeça é um mundo diferente. Outras não suportam viver naquele mar de tormentos e optam para uma separação de maneira não muito agradável. A guerra de um casal numa separação pode se perpetuar por longos e longos. Até há casos de se prolongar até que a morte os separe.
 
No caso de separação, comemora-se bodas de que? 
     
     Até por ironia, muitas mulheres ou mesmo homens tem a separação como motivo de alegria e diz que nunca mais vai errar novamente; pois, acham que errar é humano e permanecer no mesmo erro já faz parte de burrice.
 
     Na minha opinião as agruras do casamento existem na vida de todo casal e se eles optaram por uma separação para ser feliz então comemora-se as bodas da felicidade porque o que importa é ser feliz.
 
Flávio Cavalcante
Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 30/06/2016
Código do texto: T5683232
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