SOCIEDADE DOENTE, SENADO FORTE
Diante do impasse se há crime de responsabilidade ou não, a comissão do impeachment solicitou perícia de técnicos do senado para encerrar a discussão. Por mais incrível que possa parecer, o laudo disse que sim, mas também disse que não. O espetáculo político ficou evidente, porque se a perícia apontasse para o crime, os senadores que negociam seus votos a favor do impeachment estariam soltando fogos.
Como não teve crime, os peritos entregaram um laudo com duplo entendimento para confundir a defesa, a sociedade, e municiar a mídia e os senadores Golpistas com a tese do ‘crime’.
Para deixar o cenário ainda mais dantesco, a grande maioria dos senadores luta pelo afastamento definitivo da Presidenta, para que escapem da operação lava jato, como eles mesmos disseram na gravação de Sérgio Machado. O capítulo mais inacreditável é que tudo isso acontece às claras, com todo mundo tomando conhecimento.
Em qualquer país alfabetizado politicamente esses senadores perderiam seus mandatos, mas aqui são protegidos por um vírus midiático que consome a capacidade crítica de analisar um contexto. Muitos abraçaram a lógica simplista de que tem que ‘tirar a Dilma e depois tirar o Temer, para acabar com a corrupção’.
Conseguiram afastar a Dilma e empossaram Temer, mas a corrupção só cresceu e a indignação sumiu. São dominados pela notícia unilateral dos meios conservadores do jornalismo, foram usados e descartados, estão quietos porque ainda não foram convocados a saírem ás ruas travestidos de brasileiros.
Na hipótese das pedaladas configurarem crime, mesmo assim, as verbas foram utilizadas em programas sociais e na agricultura, não foram enviadas para a Suiça, não foram dormir na conta de um ‘laranja’, não patrocinaram viagens e nem a compra de sapatos e roupas de grife, não serviram para a compra de casas e carros de luxo.
Não bastassem os vírus transmitidos pelos mosquitos que causam graves doenças, a sociedade também está vulnerável a um outro tipo de enfermidade, a que tem seus sintomas ligados à falta de credibilidade nas instituições.
Ricardo Mezavila.