Cronologia

Tic tac!

Tic tac?

Acertar o relógio ou aceitar o relógio?

Eu conto as horas sob outra ótica... Seja no pulso, dentro do bolso ou pendurado na parede.

Sem ponteiros.

Em silêncio.

Esse tempo. Essa medição. Essa marcação.

Isso é passado.

Estou presente mas de olho no futuro.

Hoje sou digital: contemporâneo, atento, moderno.

Eu era analógico: conservador, retrógrado, careta.

Meus segundos, não via. Os minutos? Perdia. As horas eu nem percebia.

A vida passava e eu ficava.

Passei pelo tempo. Era um passatempo.

Agora sou atemporal.

Estou desperto.

Pra tudo acontecer na hora certa.

No despertador do Criador.

Dei tempo ao intento.

Aprendi a estar desatento.

E a felicidade descobri.

Sem compromisso. Sem alarme. Sem exatidão.

Que, se a gente para no tempo, o tempo para pra gente.

Apressa-te. A viver.

O hoje já foi um ontem querendo ser o amanhã.

E o que restou da vida? A vida é o que nos resta!

Estou atrasado.

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