A Flor do meu Bairro

Conheci um sujeito, mais velho que eu e amigo do meu pai, que não podia ouvir a música de Adelino Moreira, cantada por Nelson Gonçalves,"A Flor do meu Bairro" que chorava, copiosamente.

O motivo é que quando adolescente foi perdidamente apaixonado por uma moçade sua cidade no sertão do Pajeú. Ainda chegou a namorar a moça, aquele amor inesquecível dos 15 ou 16 anos. Mas a moça foi embora. Depois veio a notícia que ela se apaixonara por um militar e,como diziam naquele tempo, perdeu-se com ele, e o milico não quis casar. A outra única notícia que ele teve dela, alguns anos depois, foi que se amigara com um ricaço.

Passou o tempo, o rapaz mudou-se para Arcoverde constituiu família, botou negócio e se deu bem, mas nunca esqueceu a namoradinha da adolescência, o seu primeiro amor. No entanto, continuou vivendo a sua vida, até que o destino lhe pregou uma peça. Estava no Recife a negócio e resolveu dar um pulo numa boate que naquele tempo chamavam de inferninho. E lá, pasmem, reencontrou a namorada, ainda linda, mas com a face marcada pela dureza da vida. Ele a reconheceu imediatamente, mas ela não o reconheceu. Ele ficou constrangido de lembrá-la, não teve coragem, depois se arrependeria. Resultado pagou por sexo com ela, como cliente, aquele sexo frio, rápido e comercial, algo que também depois se arrependeria. saou da boate quase correndo. Nunca mais teve notícias dela, voltou ainda a boate, mas nada, chegou a contratar pessoas para procurá-la mas sem sucesso.

Assim ficou marcado por essa presepada do destino. Isso ele me contou num bar porque uns caras estavam numa mesa vizinhacom um violão e um carinha cantou a música. O verso que faziam ele mais sofrer era este: "Hoje depois de alguns anos/ Eu encontrei-me com ela/ Na rua dos desenganos/ Menos ingênua e mais bela/ Ela fingindo desejo/ A boca me ofereceu/ E eu paguei por im beijo/Que no passado foi meu". Impressioona o sofrimento dele, nesse dia que ele me contou isso eu também quase choro.

Na verdade eu adoro essa música por motivos um pouco dierentes, mas tambem ela me faz recordar. E adoro a parte falada da música, esta tem a ver comigo: "A minha história é vulgar, mas algo fica provado, nem sempre o primeiro amor é o primeiro namorado". Uma verdade abissal. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 27/06/2016
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