SERENATA AO LUAR
Afinados os violões, ensaiamos umas duas valsas, alguns boleros e descemos a rua. Uma hora da madrugada! Nos postes de luz as mariposas brincavam em volta das lâmpadas. Na relva que crescia entre as pedras o orvalho cintilante aparecia à claridade fraca das luzes.
A lua nos olhava, curiosa. Meus irmãos e eu chegamos à casa de Maria Mari. Tudo era tranqüilidade. Uma quietude imensa dominava a rua, permitindo-se até ouvir o cri-cri dos grilos no jardim da residência.
Um acorde de violão, um lá menor fluindo docemente de suas cordas e minh’alma toda se agitou, meu coração bateu forte contra o peito e a minha voz, trêmula de romance, se fez ouvir dentro do silêncio da noite, cantando “LA BARCA” :- “- Dicen que la distancia es el ouvido/Pero yo no concibo esta razon/Porque yo seguiré siendo el cautivo/ De los caprichos de tu corazón...” .
As estrelas, de paradas, luziram todas, animadas, despertando-se para a serenata! ...
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B.Hte., 20/05/61