O Espírita é Cristão?
 

Um representante de uma Doutrina dita Cristã postou a seguinte mensagem no Facebook:

¨Segundo o espiritismo, aquilo que de mal as pessoas cometem deve ser pago em outras existências.
Na fé cristã, ao contrário, o Verbo se fez homem e o Seu sofrimento tem um poder redentor para a humanidade. Não é necessário que o ser humano pague mais nada, ele já foi remido pela Cruz de Cristo.
Por esse motivo, A REENCARNAÇÃO TORNA VÃ TODA A OBRA DA SALVAÇÃO. Na pretensão de enquadrar o mistério do sofrimento em uma lógica matemática, o espiritismo abole o perdão e acaba se tornando uma doutrina terrificante, ao invés de consoladora¨:

Cremos que suas colocações, a par de serem superficiais aos estudiosos da Doutrina Espírita, trazem à tona muito do preconceito que os Espíritas suportam em sua missão de viver intensamente a mensagem do Cristo em suas vidas.

O primeiro equívoco do nosso irmão diz respeito ao fato de que o ¨mal que a pessoa comete deve ser pago em outras existências¨. O que existe, a bem verdade, é a Lei de Causa e Efeito, que o próprio Jesus trouxe à tona ao declarar: A CADA UM CONFORME AS SUAS OBRAS. O que a Doutrina Espírita ensina é que o ¨mal¨ não será pago em outras existências, mas a pessoa terá novamente a oportunidade de aprender, de evoluir, e, caso necessário, de corrigir desajustes encontrando-se novamente com irmãos que tenha prejudicado para com eles se encontrar no caminho do bem.

Um segundo equívoco de ordem avassaladora, que a própria razão afasta qualquer senso de Justiça no campo da Divindade, ao declarar que: ¨Não é necessário que o ser humano pague mais nada, ele já foi remido pela Cruz de Cristo¨. Tal crença anula qualquer mérito que se empregue no esforço do bem e nivela, quanto às suas ações, o virtuoso e o criminoso – isso sim, encheria de pesar o mais sincero dos fiéis a Deus. De sorte que se pode deduzir que mesmo o pior dos mortais, como exemplo Hitler, ao liderar toda a mortandade de milhões, deixou o corpo diretamente indo ao ¨Céu¨ graças ao sacrifício de Jesus e que dividirá imediatamente o espaço celeste com todos os santos e benfeitores que a humanidade teve até agora. Onde fica o esforço no bem? Que estímulo tal tese traz a que sejamos, conforme defendia o próprio Cristo, o Amor ao Próximo e o Perdão incontáveis vezes? O espiritismo, em sintonia com Jesus, esclarece do mérito de quem se esforça e que ao invés de esconder, multiplica seus talentos. O convite, ao se aceitar a tese do sacrifício de Cristo é mal compreendido. O que ele fez foi nos ensinar as leis de Amor, de Perdão e demonstrar que o Espírito sobrevive à morte do corpo físico. A verdade consiste no fato de que tanto o mau quanto o bom continuarão a existir, mas que cada um colherá o fruto obrigatório das suas semeaduras que se encontra gravado nas próprias consciências.

A Lei da Reencarnação é de ordem Divina e não pertence ao Espiritismo e nem por ele foi determinada ou imposta. Foi sim, esclarecida. Os Espíritos nos elucidam que, renascendo, vamos aprendendo pelo trabalho no bem, pelo esforço, pela nossa conduta pacífica e ética a nos desfazer das amarras que nos prendem a esse mundo de Provas e Expiações. Não há punição, mas um necessário ajuste e crescer na Seara do Bem, o que valoriza o mérito, o esforço e atende ao propósito da Justiça Divina ao determinar que ¨Amemos a Deus e ao Próximo como a nós mesmos.¨

E por último, de acordo com a própria determinação do Cristo para que se pratique o Perdão integral, o Espiritismo o vivencia sempre procurando fazer o bem e nunca devolver o mal. A Doutrina se mostra de tal sorte Consoladora, que se estende a inúmeros irmãos Católicos e Evangélicos que já compreenderam que podem professar suas crenças e ainda estudá-lo, visto que orienta e esclarece de modo ímpar a respeito das relações entre o mundo físico e o espiritual.

Baseando-nos, então, na mensagem do Mestre que determinou: Mas o Consolador, que é o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito.(João IX, 15 a 17,26).  Esclarecem-nos os Espíritos que o Consolador se trata da própria Doutrina Espírita que veio, no tempo certo, dentro dessa fase madura da humanidade a ensinar TODAS AS COISAS e a LEMBRAR o que Jesus nos disse. Sem medo, com paz no coração, guarda o Espírita a íntima certeza de que não importa se outros irmãos não consideram o Espiritismo Cristão, mas importa que cada Espírita seja exemplo de Amor e Caridade, assim como Jesus o foi...

(Jurandir Araguaia é escritor, palestrante motivacional espírita, ex-fiscal-ambiental/Goiânia, Auditor Fiscal/GO, formado em Ed. Física e Adm. de Empresas. Site: www.jurandiraraguaia.prosaeverso.net)