Saudades da Alameda Santos!
Saudades da Alameda Santos!
Nesta rua pacata dos idos de 1945, quando eu nasci, no numero 810, havia uma casa onde morei até 1969 quando me casei; mas continuei a frequentá-la com a esposa e os filhos a casa de meus pais, nos almoços de Domingo, e nas festas natalícia e feriados pontificados.
Era uma rua de duas mãos de direção, paralela à Avenida Paulista, de tão importante fluxo, onde vez por outra circulavam carros de aluguel, importados dos Estados Unidos, França, Alemão e Inglaterra, nas discretas cores pretas, cinza e marrons. Além da movimentação ainda podia-se estacionar nos dois lados da via, sem dificultar o transito. Fora isto, contávamos também, com as carroças puxadas a burros que faziam a coleta do lixo, além dos entregadores de leite, pães, gelos em barras e os verdureiros. E como tudo isso não bastasse, ainda percorria a pé pastoreias de cabra, que vendiam leite às freguesias costumeiras, ordenhando-as de porta-em-porta.
Anualmente pelotões do exercito marchavam nesta rua com seus capacetes, coturnos, fuzis, cantil e mochilas, com palavras de ordem, como quem iam pra guerra. E neste contexto, lembro-me bem do exercício doméstico das noites, enegrecerem as janelas com cortinas que não transpassasse as luzes domesticas. Ouvir o noticiário do Repórter Esso e a Voz do Brasil.
Nossa casa tinha um quintal comprido que se avizinhava do palacete da Av. Paulista, e ao lado direito após uma quina de casas havia o Club Homs, com sua temporada de Carnaval tocando marchas exalando lança-perfumes, chegam a nossa casa aquele tonteante cheiro de éter. E deste local assistíamos o despontar dos primeiros arranha-céus do espigão da Paulista e das edificações da nossa rua, tapando a visão das torres dos Conventos Beneditino e Franciscano do nosso bairro.
Hoje nada mais existe daquelas casas, pelos prédios, contíguos por toda extensão, num congestionado transito de veículos nacionais e importados, numa sinfonia de buzinas e explosões de motores, acompanhados de sirenes. Sem falar na circulação aérea de helicópteros com seus barulhões explosivos e voos rasantes pelos helipontos dos prédios comerciais a serviço dos seus executivos.
Este é o preço do progresso e o pagamento da saudade dos meus tempos de infâncias, mocidade e sênior.
Chico Luz