HORA DO CAFÉ

Hora do café. Instante religiosamente cumprido em locais de trabalho para uma pausa relaxante. Como é bom um café quente quando estamos cansados das atribulações diárias, uma pequena xícara pode nos trazer uma enorme satisfação quando deixamos a rotina de lado e nos dirigimos à mesa em que está posta a garrafa de café para nos servirmos.

Em geral, perto da mesa de café, nos encontramos com alguns colegas que muitas vezes passam o dia sem nos ver, apesar de estarmos trabalhando no mesmo andar ou, às vezes, até na mesma sala. Muitas vezes apenas nos cumprimentamos no início e no final da jornada e o diálogo não passa de um “bom dia” e um “até amanhã”. O café, portanto, agrega. Quantas conversas pendentes se encerram na hora do café, e quantas outras, iniciam-se no mesmo horário.

Uma bebida tão simples e tão social, tão relaxante ou, para outros, tão estimulante. Da planta até a bebida gostosa um caminho é percorrido e não imaginamos o longo trajeto que atravessa, nem por quantas mãos passou, nem quanta história carregou em seu pó preto, que se tornará em uma das bebidas mais consumidas no mundo.

Pessoalmente o café me remete a lugares e pessoas que minhas memórias gostam de rever. Meu pai adorava acender um cigarro logo após a xícara de café bebida, hábito cultivado por toda a vida que o conheci. Muitas pessoas têm o mesmo hábito, mas eu gostava de ver com que prazer meu pai acendia e dava aquela baforada de fumaça no ar.

Minha mãe fazendo o café da manhã naquele saco grande de algodão, o aroma se espalhando por toda a casa, que delícia.

Lembro-me também do cafezinho que tomávamos na Padaria Joia Lusa, após as cansativas aulas de contabilidade e ficarmos a conversar sobre futilidades tão agradáveis e tão relaxantes.

Não consigo me lembrar de que algum dia não tenha tomado uma xícara de café. Obviamente, alguma vez deve ter acontecido, mas foi rara, nem me lembro.

É nessa hora, na hora – indeterminada - do café, que muitas vezes refleti sobre a vida, contei piadas e as ouvi também, ouvi historias tristes e casos alegres, já consolei algum choro, e fui consolado também. Na hora do café posso dizer que meus pensamentos estão desnudos de toda e qualquer coisa ruim que possa me afetar. É quando estou mais forte e, ao mesmo tempo, mais vulnerável.

Quer tomar um café comigo?

João Mafra
Enviado por João Mafra em 26/06/2016
Código do texto: T5678724
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