O REDATOR
Eu estava cansado de trabalhar com contabilidade. Comecei a procurar alternativas de uma nova profissão. Como sempre gostei de escrever imaginei que poderia fazer várias coisas escrevendo.
Poderia escrever roteiro de cinema. Você já viu um roteiro de cinema? Eu já. Não é propriamente uma tarefa para um redator, seria mais para aqueles que gostam de enigmas e quebra-cabeças, coisas do tipo Onde está Wally? É uma loucura. Você tem que escrever cada coisa que vai acontecer no filme. A história não importa muito, mas você tem que saber onde ela vai acontecer. Quem são os personagens, o que eles farão e em que momento, é muita doideira.
Desisti de ser roteirista.
Outra alternativa foi escrever um livro. Você já escreveu um livro? Acho que quase todo mundo já tentou ou pensou em escrever um. Um livro de memórias talvez. Eu já sou idoso suficiente para ter uma história interessante, mas minha memória não é lá essas coisas. Um romance parecia ser uma coisa bem legal, uma história de amor, um thriller, quem sabe. Até comecei a tratar o livro como um projeto viável. Quando, na época eu li Dom Casmurro. Gente não deu. Um romance envolve muitos detalhes sem os quais perde a graça e se forem exagerados ficam enfadonhos.
Desisti de ser romancista.
Comecei a fazer o curso de Letras. Sim, entrei na faculdade a distância e me propus estudar Letras, ai me veio a ideia de lecionar. Imaginei que estando numa sala de aula com 40 pentelhos me bombardeando de perguntas ou fazendo aquela bagunça na sala de aula. Será que a paciência que me resta seria suficiente?
Ai, meu Deus, desisti de ser professor.
Me lembrei que tinha a mania de escrever poesias. Juntei todas elas e publiquei um livro. Como é difícil vender livro. Bem, eu acho difícil vender tudo, qualquer coisa é difícil vender, ainda mais algo que as pessoas não necessitam. Quem precisa de poesia?
Consegui vender 5 exemplares. Curioso, tenho 6 irmãos...
E vendi pra 3 amigos....