Entre Ódios e Violências
Naqueles tempos na fazenda a cinta comia nos couros dos trabalhadores – infelizes sequestrados de sua cultura e família, trazidos para serem explorados por outros afogados em suas meias verdades. Violências justificadas por aqueles que aos domingos rezavam “amor, amor” – mas não era o seu deus eternizado em uma cruz e o seu sangue escorrido na memória por séculos e séculos e améns?!
Transmudaram-se os tempos e a família “dominante” não mais açoitava subalternos. A violência cultivada por tanto tempo se extravasava nos modos de educar os membros mais novos e uns aos outros. Olhares recriminadores eram lançados, surras de correão eram aplicadas, chineladas eram dadas nos traseiros com justificativas: “pé de galinha pisa e não mata pinto que se aninha debaixo das asas” ou “a bunda é o lugar de aplicar chinelada para corrigir filho”.
E foi assim que o filho mais velho quando perguntou o porquê da barriga de sua mãe estava grande na gravidez do irmão mais novo levou da mesma uma bofetada como resposta por julgar um atrevimento e indecência um filho perguntar isto – depois quando adulto teve que fazer terapias para sanar traumas.
E foi assim que a irmã mais velha para se catarsear de seu histerismo e repressão sofridas no colégio das “Irmãs de Caridade” chegou em casa e, com ira e ódio, pôs o irmão no banheiro e lhe deu um banho com escova de lavar roupa.
E foi assim que a outra irmã que não quis “namorar para casar” o rapaz de melhor posse da rua teve como castigo seu braço queimado com brasa tirada do tição do fogão à lenha, usado ainda naquela casa, no momento da ira materna quando se viu aborrecida e com autoridade e desmandos questionados.
E foi assim que as violências cometidas nesta família se repetiam em tantas outras que ninguém estranhava o que se fazia na intimidade do grupo familiar. Era senso comum e social as brutalidades no seio familiar, escola, quartéis e demais instituições.
Mas aí os sofrimentos começaram a ser questionados, pensados e pesados. Os direitos, que estavam perdidos em tantos deveres humanos foram ressaltados e valorizados. Movimentos surgiram e levantou-se a bandeira “Vamos Humanizar o Humano”. No caminho começou a se caminhar apesar de ainda ecos opressores e violentos se fazer ouvir aqui e ali.
E aquela família oriunda da velha fazenda?
Aquela família estupefata vê as mudanças ocorrerem e em suas intimidades cochicham:
“Ah, ficou doido de tanto ler, estudar e questionar. Ele virou até poeta!”
Naqueles tempos na fazenda a cinta comia nos couros dos trabalhadores – infelizes sequestrados de sua cultura e família, trazidos para serem explorados por outros afogados em suas meias verdades. Violências justificadas por aqueles que aos domingos rezavam “amor, amor” – mas não era o seu deus eternizado em uma cruz e o seu sangue escorrido na memória por séculos e séculos e améns?!
Transmudaram-se os tempos e a família “dominante” não mais açoitava subalternos. A violência cultivada por tanto tempo se extravasava nos modos de educar os membros mais novos e uns aos outros. Olhares recriminadores eram lançados, surras de correão eram aplicadas, chineladas eram dadas nos traseiros com justificativas: “pé de galinha pisa e não mata pinto que se aninha debaixo das asas” ou “a bunda é o lugar de aplicar chinelada para corrigir filho”.
E foi assim que o filho mais velho quando perguntou o porquê da barriga de sua mãe estava grande na gravidez do irmão mais novo levou da mesma uma bofetada como resposta por julgar um atrevimento e indecência um filho perguntar isto – depois quando adulto teve que fazer terapias para sanar traumas.
E foi assim que a irmã mais velha para se catarsear de seu histerismo e repressão sofridas no colégio das “Irmãs de Caridade” chegou em casa e, com ira e ódio, pôs o irmão no banheiro e lhe deu um banho com escova de lavar roupa.
E foi assim que a outra irmã que não quis “namorar para casar” o rapaz de melhor posse da rua teve como castigo seu braço queimado com brasa tirada do tição do fogão à lenha, usado ainda naquela casa, no momento da ira materna quando se viu aborrecida e com autoridade e desmandos questionados.
E foi assim que as violências cometidas nesta família se repetiam em tantas outras que ninguém estranhava o que se fazia na intimidade do grupo familiar. Era senso comum e social as brutalidades no seio familiar, escola, quartéis e demais instituições.
Mas aí os sofrimentos começaram a ser questionados, pensados e pesados. Os direitos, que estavam perdidos em tantos deveres humanos foram ressaltados e valorizados. Movimentos surgiram e levantou-se a bandeira “Vamos Humanizar o Humano”. No caminho começou a se caminhar apesar de ainda ecos opressores e violentos se fazer ouvir aqui e ali.
E aquela família oriunda da velha fazenda?
Aquela família estupefata vê as mudanças ocorrerem e em suas intimidades cochicham:
“Ah, ficou doido de tanto ler, estudar e questionar. Ele virou até poeta!”
Leonardo Lisbôa
Barbacena, 19/06/2016
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