EU PRECISAVA IR
Sabe quando a gente faz uma pergunta e sabe a resposta, mas quer ouvir outra?
Uma outra capaz de arrancar toda a culpa, assustar todo o medo e abrir uma outra porta que leve para outro caminho (muitas vezes, chamado de "o certo").
Eu estava assim ontem. Marquei uma consulta. Coloquei na mente e digitei na tela do celular o que queria: um exame. Mas não era um simples exame, era mais um pedido de absolvição que eu esperava desde a época do colégio. Pois foi exatamente lá, que eu me perdi do que eu realmente sou ou poderia ter sido.
Eu fui o patinho feio. A garota que sentava para lanchar sozinha. A esquisita... Entre outros adjetivos que eu não consigo falar (nem escrever) sem sentir um nó na garganta.
Talvez, eu poderia ter sido a rainha do baile, líder da turma ou até a namorada do garoto mais gato do colégio. Mas o que eu realmente queria era ter sido ou melhor, me sentido, normal, como qualquer outra garota.
Foi exatamente isto que me levou (mais de cinco anos após deixar o colégio), à marcar uma consulta e pedir ao médico um exame para saber se sou normal. Ele (o médico) disse: Não! Eu não sei se fico feliz ou triste por esta resposta, mas na hora me senti um pouco aliviada, mesmo após a bronca que ele me deu junto com as lições de amor próprio. "Acredite mais em você!", foi exatamente o que ele me disse.
Mas ter vencido um sentimento apavorador igual à um quarto escuro sem ter uma lanterna na mão, e ter ido lá, foi pra mim uma prova de que por mais quebrado que deixaram meu coração, eu quero encontrar uma cola para unir todos os caquinhos e ser feliz. Como eu já fui um dia, que não me recordo bem, mas que tinha um sabor de toddynho e um vento que vinha da minha balança, que quando minha mãe me empurrava eu sentia que podia tocar o céu.