TEMPO DE BRINCAR
Quando escrevo minha fotografia, apago linhas que o tempo rabiscou na minha face, onde os anos fizeram curvas dos fatos que vivi, dos caminhos por onde andei – trilhas de vida, esquinas de eternidade.
Brinco com a minha meninice, bonecas de pano feitas por mãos amorosas daquela cujo amor desafiou medidas, pesos, quaisquer explicações.
Bonecas que a gente destrinchava - para ver como gente era por dentro.
“Não tem nada...” Descobertas de criança sempre são desconcertantes.
Jogo das cinco Marias, ciranda, cirandinha, esconde-esconde, Terezinha.
Passeio na juventude dos sonhos, ar fresco batendo na face, esvoaçando os cabelos, o tempo do imensurável poder, quando o mundo parece caber na palma das nossas mãos e ser belo é tão natural quanto a flor do jardim de casa, correr na chuva para se molhar, beber água fresquinha da fonte na hora da sede.
Revisito aquela linha especial desenhada na minha face, no exato momento da descoberta de que os pais um dia nos deixarão. Lembro bem o dia em que olhei para a face de minha mãe e descobri aquela linha secreta no seu rosto, a vida dobrando a esquina nos seus lábios.
Por isso, quando escrevo a minha fotografia, eu engano o tempo, paro as horas e olho. E sorrio. E gosto. E brinco. E danço, acho graça e volto a ser criança.
Ainda brinco de boneca. No espelho, aqui dentro e no computador.
23/06/2016
Foto: Dirce Carneiro
Série: Clicar, dançar, olhar
Quando escrevo minha fotografia, apago linhas que o tempo rabiscou na minha face, onde os anos fizeram curvas dos fatos que vivi, dos caminhos por onde andei – trilhas de vida, esquinas de eternidade.
Brinco com a minha meninice, bonecas de pano feitas por mãos amorosas daquela cujo amor desafiou medidas, pesos, quaisquer explicações.
Bonecas que a gente destrinchava - para ver como gente era por dentro.
“Não tem nada...” Descobertas de criança sempre são desconcertantes.
Jogo das cinco Marias, ciranda, cirandinha, esconde-esconde, Terezinha.
Passeio na juventude dos sonhos, ar fresco batendo na face, esvoaçando os cabelos, o tempo do imensurável poder, quando o mundo parece caber na palma das nossas mãos e ser belo é tão natural quanto a flor do jardim de casa, correr na chuva para se molhar, beber água fresquinha da fonte na hora da sede.
Revisito aquela linha especial desenhada na minha face, no exato momento da descoberta de que os pais um dia nos deixarão. Lembro bem o dia em que olhei para a face de minha mãe e descobri aquela linha secreta no seu rosto, a vida dobrando a esquina nos seus lábios.
Por isso, quando escrevo a minha fotografia, eu engano o tempo, paro as horas e olho. E sorrio. E gosto. E brinco. E danço, acho graça e volto a ser criança.
Ainda brinco de boneca. No espelho, aqui dentro e no computador.
23/06/2016
Foto: Dirce Carneiro
Série: Clicar, dançar, olhar