Essa metamorfose ambulante.

Por vezes me perguntei, por que sou assim. Tenho medo de me entregar e morro de vontade. Tenho medo do amor, mas amo esse sentimento nobre. Que loucura, não sei o que quero, nem do que gosto. Ora mulher, ora menina. E é estranho tudo isso, essa indecisão absurda de querer e não querer, de estar em um lugar e não saber o porquê, de ter amigos e não fazer questão de ficar com eles na maioria das vezes.

É uma indecisão de uma certeza que me cansa, entristece, consome. É difícil porque todos os dias eu acordo decidida que vou deixar de ser menina, mas ao longo do meu dia acabo por duvidar até do meu sexo. Tudo culpa da filosofia que indaga demais e me deixa louca. Quanto mais penso que sei algo, aí é que descubro que não sei nada, e isso dói. Dói porque quanto mais você conhece, mais você sofre e mais você se sente só, uma gramínea no meio do deserto, só de saber quão grande o mundo é.

Difícil para mim. Eu só queria uma vida simples e nada de complexo. Por que até sobre o cara certo eu mudo de ideia todos os dias, e no final acabo achando que gosto mesmo de gente mais nova que eu. Tudo isso só me faz sofrer. E principalmente esse cara mais novo que é o mesmo de sempre, depois de tantos amores eu sempre volto para ele, sempre o Joãozinho.

Eu nasci chorando, vou crescer sofrendo e vou continuar assim, afinal a vida é um eterno aprendizado que requer muito sofrimento e paciência. Coisa que tenho bastante. Ser uma metamorfose é difícil.

O que me faz sofrer é essa indecisão absurda que só me machuca, só me convence de que sou uma burra que não sabe escolher nem a posição certa para dormir, que dirá o macho certo.