Dentro de um Abraço
Cantarolava junto com o rádio do carro a musiquinha do Jota Quest, quando parei para pensar... Não. O melhor lugar do mundo não é dentro de um abraço. Pelo menos, não sempre.
Vê lá se eu ia querer estar num abraço de condolências? Ou num abraço falso? Um abraço pago? Um abraço forçado? Nunquinha.
Cães não gostam de abraços. Eles abraçam seus oponentes numa briga para imobilizá-los, facilitando o alcance das mordidas. Por mais tentador que possa parecer, é desaconselhável abraçar um cachorro que você não tenha certeza de que esteja habituado a este carinho. É bem provável que ele tente escapar, deixando você com cara de bobo ou, ainda pior, que ele parta para o ataque. E não adianta reclamar. No entendimento dele, foi você quem começou a briga.
O abraço também não é muito aceito em várias culturas pelo mundo afora, inclusive algumas bem evoluídas, que reservam este contato físico apenas a pessoas muito próximas, ao contrário de nós, brasileiros, que, mal apresentados a alguém, já cumprimentamos com um meio abraço e beijinhos.
A música acabou e eu seguia meu caminho, ranzinza, enumerando situações que contradiziam a letrinha cuti-cuti, até que lembrei de você, do seu abraço gostoso, envolvente, do que antecede o beijo e do que sucede o amor...
E acelero um pouco mais forte, com pressa de chegar logo ao melhor lugar do mundo que entre seus braços espera por mim.
Este texto faz parte do Exercício Criativo:
O Melhor Lugar do Mundo É Dentro de um Abraço
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