SEM O SAMBA DO AVIÃO... OLIMPÍADA É APAGÃO!
O meu texto de hoje não tem absolutamente nada de tema original: ultimamente, muito previsível, sou lugar comum, comuníssimo aliás, como sempre foi a ideia implementada por aqui: todos em absoluta igualdade de pensamento igualitário e abobado, todavia, com garantia da liberdade de toda expressão ao sentimento em contrário.
Então vamos lá, constitucionalíssimamente...escrevendo. Salve!
Há pouco, inspirada por um jingle da mídia, eu comparava a minha eufórica copa de setenta quando ainda criança e escrevia, já adulta, quase que premonitoriamente, sobre a “copa do mundo de futebol vindoura”, a aqui já ocorrida em dois mil e quatorze; e no texto eu falava do meu sonho de consumo em legado social, o que me encantaria meus sentidos cidadãos em todos os campos minados da nossa cidadania.
Gostaria de só ter escrito bobagens... as que provêm dos ditos pessimistas de plantão, exatamente aos quais hoje lhes dou outros adjetivos: os realistas inconformados de plantão, principalmente depois da finalização dos 7x1: O nosso maior mico olímpíco histórico!
Bingo! Nenhum brasileiro precisaria ser “adivinho” para delinear o óbvio dum prometido legado fantasioso, basta ter um pouco de consciência nos olhos abertos e não se deixar levar tão cegamente pelas “euforias sem causa”, inclusive essa que já nos impulsiona pela onda desportiva mundial, a nos fazer percorrer com a tocha olímpica perenemente queimante todos os breus surreais da nossa luminosidade progressivamente apagada por todos os lados.
Realmente, nossa luz tem que voltar de alguma forma...que seja ao menos pela tocha.
“Somos todos olimpíadas!”, é mais ou menos a mensagem subliminar entusiasta do chamado midiático da televisão hegemônica aberta, o que acabo de ouvir e que prontamente me trouxe ao presente texto.
Anunciam que já somos todos olímpicos, será mesmo?
Ainda bem que avisaram porque, frente às nossas conquistas olímpicas, essas estatísticas esparramadas para a perplexa ciência nossa e do mundo, não percebo a mesma essência dos nobres sentimentos que norteiam um desporto olímpico verdadeiro: a disputa honesta, respeito pelo adversários, pelas regras e pelos campos dos desportos humanísticos, nem o compartilhamento respeitoso pelas vitórias legítimas, sem "dopings", do todo prioritário a todos.
Era essa a Olimpíada ganha que eu queria para todos nós. Mas o que eu penso nada importa.
Se não nos avisassem oficialmente, eu nem perceberia o clima olímpico, já por aqui, percorrendo " a força" também as minhas entranhas.
Todavia, tenho que ser honesta: Sinto sim, que atualmente somos campeões em horrores e me desculpem pela sincera opinião. É minha maneira de ver nosso mundo.
Só um comparativo fundamentado: voltemos ao tempo.
Certa vez, o maestro Antônio Carlos Jobim reverenciou a nossa sede olímpica do atual mundial dois mil e dezesseis, o nosso belo cartão postal brasileiro, a caríssima cidade maravilhosa do Rio de Janeiro, com o belo Samba do Avião, cuja letra segue tendo o compasso da mudança pela andança das antíteses do tempo:
Vejam a letra do Tom:
“Minha alma canta Vejo o Rio de Janeiro Estou morrendo de saudades, Rio, seu mar Praia sem fim Rio, você foi feito pra mim, Cristo Redentor, Braços abertos sobre a Guanabara, Este samba é só porque, Rio, eu gosto de você, A morena vai sambar Seu corpo todo balançar Rio de sol, de céu, de mar Dentro de mais um minuto estaremos no Galeão Copacabana, Copacabana Cristo Redentor ,Braços abertos sobre a Guanabara, Este samba é só porque Rio, eu gosto de você, A morena vai sambar Seu corpo todo balançar Aperte o cinto, vamos chegar Água brilhando, olha a pista chegando E vamos nós Pousar...
O que deduzo para hoje:
Lamento ao Tom
Nossa alma hoje chora porque vemos o Rio de Janeiro morrendo de insanidades...este lamento é só porque...Rio , gostamos de você!Vejo que Copacabana, a princesinha do mar de natureza dócil, nada guerreira...Hoje chora de medo dos arrastões...na areia.
Dentro de um minuto estaremos no galeão...Apertemos os cintos que o piloto sumiu. Não temos mais pistas para pousar...nenhum caminho a nortear. Sua bela região Serrana nublada de dor.
O país todo decaiu mesmo com seu belo Tom ao Rio!
Nem o Cristo de Redentor, o de braços abertos para a Guanabara, suportou o odor exalado pelo descaso para com a Baía poluída por lixo, detritos e coliformes fecais.Tampou o nariz e não pode ser socorrido no caos dos hospitais gerais.Tiroteio na UTI...até morto morre ali!
Rio, seu mar de praias sem paz, de tensão sem fim, não , esse caos não foi feito pra mim: O caos dos ciclistas assassinados na Lagoa, o caos das ciclovias dos circos assassinos, o da violência sem limites, o dos sem terra,o dos sem tetos , o dos sem paz e sem esperança...O caos da falta da educação, da drogadição, do abandono nas ruas, o dos sem empregos, o dos sem salários, o dos sem proventos da previdência, o dos sem futuro para o museu do futuro roubado de todos os brasileiros.O caos da falta de respeito...o que gera só enfarto do peito.
O Caos dos mosquitos dengosos a zikar qualquer cirança num país igualmente zikado no ventre pela disseminada corrupção olímpica!
Nunca dantes visto placar igual na História olímpica do mundo.
Rio você foi feito para quem?
Você assim foi feito para mim, para nós? Ou você é vítima torturada por algum algoz?
Em só vinte minutos, num veículo leve sobre trilhos em desalinho...descarrilamos todos juntos nos inúteis descaminhos.
Calamidade pública com o “pesão” nas nossas poupanças, as dos “bundão”.
E agora só “dor...nelas!”. Muita dor! Soam panelas!
Cadê o Nosso Rio, Tom do Brasil?
A morena não vai mais sambar,vai chorar por Maricá, desrespeitada lá no vídeo por quem brinda nosso absinto!
A morena deprimiu, desistiu de balançar.
O Redentor também vai chorar, não tem mais o que abençoar!
Até você Tom, daí do céu, semitonou seu tom ao léu.
Fechou o teto no galeão: Morreu o seu samba do avião.
Tom: Este lamento é só porque nós amamos o Rio e você!
Entenderam as nossas ANTÍTESES OLÍMPICAS que ilustram nossos tempos?
Comemorar o quê, fantasiosa galera olímpica?
Se bem que, diante do todo, qualquer placar vitorioso será muito bem vindo.