TRES CASAS EM MEU CAMINHO

Março/2012
(Diário de minhas andanças)

A primeira visão veio-me daquela cumeeira esgueirando-se atrás da plantação.Um arbusto florido e duas janelas, ruborizadas de vergonha, desculpavam-se em tonalidades pela ausência de cores nas paredes de madeira.
Um vento maroto varria o céu da tarde e ,de quando em quando,num toque mais ousado o campo de soja arrepiava-se.
[Folhagens contorcionistas!...Borboletas de sol no verde do fim do dia]
Busquei pelo zoom da câmera aproximar-me daquele monumento à magnitude do singelo.
Busquei na imaginação os enredos daquela casa.
Uma canção,das minhas preferidas,escorria pelo som do carro,feito trilha sonora de minha chegada.
Um portão entreaberto,sulcos de rodas de carroça em paralelas, canteiros de escarolas, laranjeiras de galhos cansados...Cerca aramada,cones de feno,bezerros serenos , obedientes às lambiduras de suas mães.Um galo esgüelando-se entre pés de funcho e dois cachorros, enfastiados de domingo,atirados num sono profundo à sombra do galpão.
Um par de olhos,desconfiado,sondando forasteiros pela fresta da janela.Alheio àqueles ares de desconfiança,um sorriso alegre florescendo pela porta de entrada.Parado,entre vasos de guiné ao lado da escada , numa voz plena de hospitalidade,quebrando o travo da tarde:
_Seja bem vindo!Entra,que a casa é sua.
Um sabiá e minha canção preferida,despertam-me do devaneio.É hora de seguir.
O caminho ainda é longo.A casa,feito morena encabulada,persegue-me um bom tempo pelo espelho retrovisor.
Bee Gees,no CD,aconselham-me à ser feliz.
Obedeço-lhes,e...
De repente,outra casa:

Insinua-se na imensidão verde,com a beleza e magia dum bibelô esquecido na floresta.
É festiva!...Alguns ecos chegam-me aos ouvidos pincelados de risos,música e alegria.
[Uma casa polaca]
Polacada assanhada! Reflito... Um cheiro de assados passeia na placidez da tarde .
Juntamo-nos:Sabiá,Bee Gees e eu,àquela animação em família e o infinito pode ser o limite de nossas andanças.
O dia entoa as derradeiras notas e,sobre o barranco...
Uma casa solitária:

Eleva -se perdida,acabrunhada,como à quem anseia pelo retorno de uma alegria que empreendera fuga no tempo.
Entreolhamo-nos furtivamente e abro o diálogo:
-Ao Sul deste teu olhar de janelas,sei que repousa uma saudade.
Saudade de quê?
_Não importa!Confabulam paredes vadias.
_Saudade ...é saudade,e isso basta.
Clic no link  abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=Dq6YmSVAOG8


               
         Joel Gomes Teixeira