José Planta Uvas

Outro dia conheci o Seu José, um amigo convidou-me para buscar uvas numa propriedade que planta a Niagara e a italiana, essas uvas de mesa que a gente vê no mercado.

Andamos uns quatro quilometros de estrada rural, essas ladeadas por árvores de todos os tipos. Baixei os vidros do carro para sentir aquele cheiro de mato fresco e ouvir o barulho das aves e dos galhos balançando ao sabor do vento fresco que invadia o carro todo.

Não dava para andar rápido devido aos buracos e aos mata burros que ficavam sobre os pequenos riachos. Os mata burros são aquelas pequenas pontes feitas com vigotas de madeira assentadas lado a lado e perpendiculares a estrada, parecem um pergolado. Os animais não conseguem atravessar, pois tem medo de ficar com as pernas presas naquelas gretas. Percorremos aqueles quatro quilometros a dez ou vinte por hora, curtimos demais aquela paisagem rural.

O último trecho da estrada era ladeado por mangueiras tipo hadem e coração de boi, aquelas avermelhadas, com uma mescla de roxo, laranja e amarelo. Mangueiras carregadas de frutas doces e suculentas, ali se perdendo e espalhadas pelo chão, ao lado da estrada.

Chegamos finalmente num espaço amplo e sombreado por um jatobá imenso e algumas cabreúvas. As jaboticabeiras carregadas de frutos ao fundo, ladeando uma casa simples que funciona como um depósito de produtos da fazenda. Aqui e ali, abóboras recém colhidas, bananas nanica e maçã, alguns melões caipira, caixas de uva fresca. Na parede ao lado da jaboticabeira carregada, uma cabaça com uma coméia de abelhas Jataí, aqueles pequenininhas que produzem um mel fino e super doce. Esse ambiente é extremamente agradável, só ali já valeu a pena ter ido lá.

Conhecemos Seu José o irmão Giuseppe e o Pai Antonio, esse senhor está com oitenta e dois anos. Todos os tres são descendentes de italianos que colonizaram aquela região. A pele curtida pelo trabalho debaixo do sol, e aquela alegria estampada nos rosto e no olhar das pessoas que fazem o que gostam de fazer.

Seu José, rapidamente, pega uma sesta sobre a mesa e sai em direção aos parreirais cacheados de uvas de uma cor rubi arroxeadas que brilham sob os raios do sol, daí quinze ou vinte minutos, nem dá para saber, pois estamos absortos na riqueza visual do lugar, Seu José vem com aquela sesta repleta de cachos de uvas doces como o mel. Ele faz questão que experimentemos antes de levar.

Eu e meu amigo compramos uma caixa cada um, doze reais por caixa com cerca de cinco ou seis quilos de uva tirada na hora. Levamos algumas pencas de banana e ele nos permite parar o carro nas mangueiras e levar o que a gente quizesse, pois estavam se perdendo.

A fartura do interior e o amor e a felicidade estão estampadas nos rostos daquele povo simples e humilde que fazem de tudo para agradar os visitantes.

Paramos nas mangueiras e colhemos algumas para levar para nossas familias. O dia vai findando e o sol avermelhado lança seus raios como espadas entre as árvores da beira do caminho. Nosso coração se enche de alegria e felicidade. Como é bom viver no campo.