Mala-sem-alça

O mala-sem-alça não tem cara, tem careta. É xaroposo, incoveniente, pretensioso e indefecável. Não cai nunca na real,não admite que é um chato de galochas, e que precisa melhorar, o que poderia acontecer se submetendo a um tratamento com umpsiquiatra, um analista.

O mala rico de nascençaé sempre pirão na unha,avarento. nutre ódio pelo povão. São chatos e elitistas de berço, por herança, herdaram também a chatice. Estes até se compreende, só ficam imperdoáveis quando alisam e querem manter o status, quando são apenas elitistas falidos e chatos.

Mas quem não dá para suportar mesmo é o mala-sem-alça novo-rico, aquele que já foi pobree conseguiu ascender na vida, arrumou um alto cargo ou um negócio rendoso, e hoje está por cima da carne seca. Este é o fim da picada. A sua chateação apresenta o agravante da falta de personalidade e de caráter porque ele procura de todas as formas esconder a sua origem humilde, desconhece antigos companheiros, faz de conta que não se lembrade paentes pobres... Alguns desses pústulas chegam até, pasmem, a mudar de sotaque, ficam falando como sulistas, e até todo instante metem na conversação uma palavra difícil que não tem nada a ver com oque se está conversando. Omais ridículo é quando ele quer dar uma de grãfino, de conhecedor da gasstronomia, de provador dosvinhos finos, de possuidor de educação sofisticada e, claro, de Dom Juan, diz que mulher nenhuma resiste ao seu charme... Aí, por incrível que pareça, faz rir. Porém fim da picada é quando um mala se encontra com outro.É dose para elefante, é o duelo da imbecilidade contra a presunção, da cretinice contra a babaquice, da mentia contra a falta da verdade, da fome com a vontade de comer.

O melhor é sair de fininho. Eu nem preciso porque se estiver num local e chegar ummala-sem-alça me retiro. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 16/06/2016
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