“Morreu de Novo?”
Vou, lentamente, caminhando em direção a uma loja de materiais elétricos, com a intenção de trocar uma lâmpada LED, queimada muito antes do tempo de garantia. Refletindo sobre a propaganda que fazem em termos de duração da lâmpada, aquela pergunta quase passa despercebida, quando, na esquina da segunda quadra, ouvi de um interlocutor que se dirigia ao vizinho. Mas, com a categórica resposta de que “morreu”, não me contive em formular outra pergunta. Partindo do princípio de que “não se morre duas vezes”, indaguei do que se tratava. Na realidade, não se tratou de uma segunda morte, mas, de um segundo morredor. É que o moço estava todo condoído, lamentado a morte de seu cachorrinho. Como este já era o segundo que ele possuía, o vizinho lhe fez a pergunta “de novo”, por já ter conhecimento de que o anterior tinha morrido, e o dono havia decidido comprar outro. Surge aí a confusão do termo da nossa bendita língua portuguesa.
Saí dali refletindo sobre a perda desse animalzinho tão querido, cuja experiência já ocorreu comigo, mas não tive a coragem de partir para a segunda aquisição, por não querer sofrer duas vezes pelo mesmo motivo. É sabido que, a depender da raça, para cada ano do ser humano, corresponde a sete do cachorro. Assim, pela lógica, se alguém tem a ideia de ter sempre essa companhia, vai ter muitas perdas e, por consequência, muito sofrimento. Mas, com certeza, não morrerá duas vezes.