ILHA DE CARAS

 







 
Há nesses tempos temerários, um quê, um clima esquisito de Ilha de Caras. Um espírito canalha de defesa do que é exlusivo e privilegiado. Quanto a mim, prefiro ficar na minha Ilha da Fantasia
 

Estou fazendo boicote. Primeiro, numa rebeldia solitária, boicotei a Rede Globo. Não assisto mais nem programa esportivo pelo SporTV. Também parei de comer coxinha. Aliás, hoje coxinha até me dá alergia. E devido ao Temer, também fiz boicote do quibe e da esfiha de carne. Agora, vou boicotar e vou secar a Seleção Brasileira, isso enquanto ela insistir em ser tão amarela.
 

Todo dia acordo por força de pesadelos que vêm acompanhados por uma vontade danada de urinar. Uma diúrese onírica. Na verdade estou com dificuldade de dormir, de "cair no sono", tanto é o medo de pesadelar com o José Serra. Aliás pesadelar é muito pior que pedalar. E nas duas ações é bom esse mafiosi chamado Anastasia. Aliás, Anastasia, por acaso, ou não, é uma prestigiada família mafiosa da Cosa Nostra norte-americana (vide Umberto Anastasia). Será que o Anastasia das alterosas também veio de Castellammare, na Sicília. Não o italiano, porque ele é calabrês. E Cosa Nostra significa "coisa nossa".
 

O Brasil volta novamente suas costas à América Latina. É uma crise de identidade, de quem se olha no espelho e não se reconhece. É nossa tradição. Herdamos de Portugal o sebastianismo, o mito da Ilha-Brasil e agora pegamos carona na "jangada de pedra" inventada pelo José Saramago. Mas não me alarmo, fico tranquilo. Não temo essa vontade de "ser o que não é". Nossa devira não vai nos levar para a Europa "civilizada", sim para o gostoso colo de nossa mãe África. Voltaremos para as delícias da pangeia.
 

O Itamaraty não é para mim nem para ti, é para atrair e estimular o lado predador dos investidores internacionais. Mas investidor abutre que é investidor não é atraído por qualquer carniça. Não acredita em cheiro disfarçado com qualquer perfume por serras e temores. Ele acredita, sim, é no golpe escacarado pelas páginas do Financial Times: ele quer fazer pirataria, mas precisa saber a verdade. O mapa do tesouro não pode conter erros grosseiros. Eles não acreditam mais naquilo que é feito para inglês ver.
 

Voltarei a ler Bruzundangas do Lima Barreto. Deve ser o Brasil de hoje que está ali, bem longe da atual loucura verde-amarela de Policarpo Quaresma. Também vou reler o Febeapá do Stanislaw Ponte Preta e o Inferno de Dante. Pois o paraíso está perdido.
 

 
Agora ficarei por aqui tentando interpretar esses cavalinhos da ilustração que estão na ponta do rabo dessa celebridade que nem sei quem é.



José Eustáquio Ribeiro
Goiânia, 15 de junho de 2016