LUZ X TREVAS
BENDITAS MADRUGADAS
Acordar na madrugada é algo especial. Sempre acontece comigo, penso que é a minha inspiração a culpada, pois já desperto com uma vontade louca de escrever. E vou divagando com meus botões, ou melhor, com minha caneta e meu bloco.
É o barulho do silêncio que me angustia. É o cantar dos pássaros que não ouço que me deixa preocupada.
Gosto de momentos silenciosos, mas é o barulho que me move. Fico demasiadamente feliz quando vejo as pessoas sorrindo, conversando, cumprimentando umas as outras, correndo de um lado para outro, em busca de alcançar suas metas e seus objetivos.
Sinto o frio da madrugada a me envolver e minhas reflexões aprofundarem-se. Às vezes tenho medo das minhas próprias palavras escritas. Elas são feitas com tantos sentimentos que gritam e discutem comigo, e eu as ouço com muito cuidado.
Ora são minhas amigas, ora são juízas determinadas e cruéis. Começo a lembrar-me do adeus que não dei, do bom dia que engoli e da ligação esquecida, do e-mail que não enviei, do amigo que não visitei e de todos os conhecidos que já se foram para a eternidade, entre eles, minha amada mãe, dona Guiomar, e meu sobrinho e afilhado Leonardo.
Aí o frio da madrugada se mistura com a saudade e com uma lágrima teimosa que insiste em cair. Já não choro muito nestes momentos. Entendi que todos precisam partir para outros chegarem, faz parte dos mistérios da vida. O sol começa a aparecer. Gosto dele, é forte, é brilhante, seus raios caem sobre nós e por isso somos seres de luz. Besteira pensar assim, mas não me incomodo. Somos feitos de luz, e para a luz deveremos voltar.
Não temos outro caminho, ou é isso ou as trevas. O que irá determinar nosso destino serão as nossas ações aqui na terra. Pense nisso.
14.06.2016