Namoro no tempo do ronca

Hoje não se namora como no passado. Acabou o romantismo. Vou dar um exemplo: não tem mais a famosa declaração de namoro. Sim, antes o carinha se declarava à moça. Tinha esse ritual. É claro que tudo começava com a troca de olhares, eles diziam tudo, era o começo do flerte, aquela atração mágica que fazia o coração disparar. Depois o flerte evoluia,a troca de sorrisos, a confissão do carinha aos amigos e da moça as amigas, armava-se o entendiento até ficar no pontoda declaração. Sempre por parte do rapaz, embora eu seja testemunhas de algumas raras moças que se declaram a rapazes.

Mas em alguns casos havia um óbice (gostaram da palavrinha queacho horrícel?): a timidez. Sim, a danada da timidez. Nem tomando o famoso Rum Merino o sujeito tomava coragem. Aí a declaração era feita pela via epistolar, uma carta.Oproblema éque a maioria nãosabia escrever a carta de declaração.Escrevi várias para amigos. Aprimeira, confesso, filei de um livro, mas depsois deslanchei, virei perito. Os sujeitos apenas copiavam o que eu escrevia em letra de forma(minha letra era e é horrível), depois botabva num envelope de luxo e mandava entregar a moça. O danasdo é que várias das declarações que escrevi evoluiram e viraram noivados e casamentos. Nunca revelei a autoria, mas mais tarde, muito mais tarde, algum deles revelava na vista da esposa, eu sempre ficava sem graça nesses momentos, ma besteira,apenas fiz um favor.

Foi uma época linda,depois da declaração vinha o primeiro encontro, principalmente no escuriho do cinema onde a moça guardava a cadeira, na porta da casa dela ou mesmo na praça. Começava devagar, devagarinho, mas como evoluia, não me venham com a hipocrisia que naquele tempo não tinha o popular sarro. Tinha sim, o grande problema é descobrir um local, oportunidade, além, claro,do excessode roupas na época.

Que saudade da declaração de namoro.Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 13/06/2016
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