ANALFABETISMO E IDEOLOGIA.
Analfabeto não tem ideologia. Por quê? Por agir por instinto. Muitos letrados que abraçaram restrições de liberdade, como fizeram os cristãos novos com base em uma igualdade que se exige até hoje, sem prejuízo da liberdade, já que Cristo a delegou para escolha, revisaram seu erro.
Ideologia não se faz linear com trocas por necessidade, como dizia Gibran, “o que é a necessidade senão a própria necessidade?” E a necessidade mínima não sedimenta ideal, forma consectários de pluralidades difusas, sem o conhecimento de raízes ou sequências objetivas.
O analfabeto conhece só necessidade (primeiras necessidades negadas pelo Estado, aí incluídos os requisitos da Constituição) que pensa ser ideologia, valor alto e acessado pelos que estudaram ideólogos e ideários. Necessidade é sobrevivência que turva e torna obnubilado o analfabeto para questões sutis.
Por pensar que não é analfabeto tenta se expandir e nem mesmo gramática conhece, como conhecer ciência complexa, política, que não se confunde com necessidade material indispensável que todos têm direito por direito natural? Impossível!
Caminha por rudimentos entre fome e sobrevivência, passa a confundir ideologia e requisitos mínimos de vida comum. Compreende-se.
Ideologia forma outros espaços, maiores, que analfabetos nunca entenderão, falta substrato e profundidade, estudo capacitado pelo entendimento. Excertos e frases lidas e sabidas são mero ocultismo, cabalismo de vontade irrealizada retida na ausência de formação para entender e explicar o que seja qualquer ideologia.
Um fascismo reiterado surge, repudiado e asqueroso, sem que se dê conta da postura; entende-se, nada se conhece da raiz fascista. O fascista, que não sabe que o é, rotula de fascistas terceiros na descaracterização do rótulo.
Se Mussolini não fosse morto em uma trave na Itália, pendurado de cabeça para baixo em praça pública, o Duce, cuspindo toda a população em seu rosto, ficaria sua história só nisso?
Seria uma ideologia o que pregava? O Duce seria um messias de uma ideologia nova? Seria um ideólogo sem ser analfabeto, embora tivesse ao menos uma retórica, diversamente de analfabetos em tudo que tratam de ideologia sem saberem de que se trata?
O analfabetismo geral, ainda que todos estejamos aprisionados no “sei que nada sei” socrático, verdade inexorável, tem o pecado capital de arvorar analfabetos visíveis em “dizerem coisas que desconhecem”, com pompas e galas para o analfabetismo que grassa. Mas o tempo, além de ignorar o que é desimportante, acaba por sepultar as tolices que a história conhece e que por falta de estudo os analfabetos em extensão desconhecem. Mas é o convívio das diferenças a que se submete a democracia, mas esclarece-se a ideologia deslustrada “no que dizem”, aglutinada de erronias históricas e de conteúdo. Aceitam-se por livre expressão de direito vigente, mas coloca-se em seus devidos lugares a desinformação.
Negar a conduta seria pecadilho em confronto com o pecado capital do erro crasso, como os solecismos de que vem acompanhado, mas não se nega direito. E as falas devem ser livres, para mostrar a ausência de educação negada pelos Estados livres ou não, chaga mundial.