Machismo de verdade
Em todo o meu tempo de rádio só tive um desentendimento com colega. O episódio se deu num programa de debates e opinião e o assunto era uma furada pesquisa que dizia que mulheres que usavam roupas curtas eram culpadas por casos de assédio e estupros.
Na visão deste meu colega a pesquisa estava certa. Em sua defesa, ele dizia que a mulher tinha que se dar o respeito e que a forma com que ela se vestia e se comportava acabava por ser um motivador para estes tipos de crimes, por isso ela poderia, em casos específicos, ser considerada como culpada. Por ter um posicionamento extremamente contrário acabamos nos desentendendo ao vivo e desde então desandou nossa amizade e coleguismo.
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A verdade é que eu não sou nem um tipo ativista. O ativismo na sua grande maioria é extremista, e o extremismo te deixa burro. Por isso não gosto de movimentos terminados em “istas”, e neste caso entram os movimentos feministas, mas preciso confessar que fico com vergonha da humanidade quando esse tipo de coisa está em destaque.
Nenhum ser humano, não importa a situação tem o direito de subjugar outro em qualquer que seja as formas. Quando estamos falando de crime sexual é ainda mais banal e sem argumentos, pois não há justificativa, por mais bem elaborada que ela possa parecer que seja capaz de justificar qualquer ato de estupro.
Um homem que comete este tipo de crime não é homem. Um homem que transforma em culpadas as vitimas não é homem. Um “macho” que tenta buscar justificativas para defender um agressor não é “macho”.
Um macho de verdade protege as fêmeas. Um macho de verdade é um defensor por natureza. Essa é a regra. Qualquer que precise usar da força para se sentir mais macho não é nada mais do que um covarde.
Somente um covarde seria capaz de usar a vã justificativa da roupa ou atitude de alguém para praticar um ato animalesco como a violência sexual.
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O caso que ganhou repercussão envolvendo uma menina no Rio de Janeiro que supostamente teria sido estuprada por mais de 30 homens traz a tona a discussão sobre o machismo e a violência sexual. A chamada cultura do estupro. Somente o fato do caso ter feito a discussão ganhar força na mídia já nos faz pensar, mas muito mais triste para a nossa humanidade é pensar que ainda, mesmo com vídeos e fotos rolando na internet tem gente que acredita no seu íntimo que é invenção da moça, ou que pelo fato dela não ter a vida considerada pela sociedade como ideal, ela seria a culpada pelo ocorrido.
É como se você chegasse e dissesse para uma vitima de furto que a culpa é dele porque ele não contratou segurança particular ou não pôs grandes nas janelas. É como dizer a uma vitima de bala perdida que ela é culpada porque ela estava andando pela rua sem coletes a provas de bala. Não tem lógica. É ridículo. É vergonhoso.
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Você pode criticar e até repudiar as atitudes de uma pessoa. Pode condenar a forma com que ela se veste, mas não pode sobre hipótese alguma subjugar uma pessoa só porque ela esta vestida ou agindo de uma determinada maneira. Não pode jamais colocar como desculpa de uma mulher estar usando um vestido curto para um caso de estupro, simplesmente porque o único culpado é o estuprador e aqueles que o defendem. Uma mulher poder andar nua pela rua, e mesmo assim, homem algum tem direito de atacá-la.
Para os que justificam os casos de estupro, os que demonizam as vitimas para entender os agressores, são tão culpados quando o próprio agressor. Pois cada vez que um caso desses acontece, as pessoas que geralmente criticam a vitima se esquecem que poderia ter sido sua irmã, filha, mãe, esposa. E não adianta dizer “comigo não acontece porque os meus são bem criados”, pois essa lógica só funciona em cabeças de pessoas como a do Jair Bolsonaro.
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Em tão para resumir essa historia toda, estas agressões podem ser tudo menos casos de machismo, pois machos de verdade não fazem este tipo de coisas, covardes fazem e machos de verdade não são covardes. Machismo é respeitar e proteger as mulheres. Machismo de verdade é ser homem para condenar aqueles que fazem este tipo de barbárie. O macho de verdade sente nojo deste tipo de covarde. Se assim não o é então eu tenho vergonha de ser um macho.