EU QUISERA SER UMA ÁGUIA ...

EU QUISERA SER UMA ÁGUIA ...

Tereza Freire

28 maio 2016

Por que uma águia? Por causa da sua majestade, da sua força, da sua glória? Foi símbolo de exércitos conquistadores, de vários governos ainda na idade antiga. A grandeza que demonstra inspira, até hoje, emblemas, brasões, insígnias. A história conta que a águia-real era o pássaro dos deuses e que na simbologia cristã representava pessoa perspicaz, que vê longe, superior em inteligência.

Então, por isso quisera eu ser uma águia?

É altamente veloz. Ao fazer o voo em queda pode atingir 300 quilômetros por hora. Voa horas em espiral com a maior facilidade. E quando estende suas asas alcança uma envergadura de mais de dois metros. Os olhos penetrantes vasculham seu território incansavelmente, dando conta de tudo que está no amplo raio de seu olhar.

Mais razões para que eu quisera ser uma águia?

Pode viver, em média, entre 30 e 45 anos. Mas eu posso viver mais. Eu já vivi mais. Porém, quisera ser uma águia por todas estas razões. Por outras também ...

O voo livre , bem no alto, despreocupado de qualquer amarra. O olhar arguto que vê o todo, que tudo vê, no alto do seu voo. Solitária? Não, solitária não.

Assim eu voaria todas as minhas distâncias. As mentais, as espirituais e as físicas. Poderia estar onde quisesse com um simples bater de asas. Um olhar aguçado que não perde detalhes. Que escolhe onde pousar.

Um voo totalmente livre dos estorvos do raciocínio célere e da mente ativa. Voar leve, admirando o que o mundo tem de belo, pois do alto as pequenices desaparecem e o que é possível ver é a grandiosidade deste universo que permite hospedar a humanidade, que sem ver a vida, deixa-se apequenar por medo, ódio, vingança, amargura, maldade, inveja, desamor, incompreensão, insegurança e tantos outros sentimentos que lhe enegrecem a alma, toldam a visão, bloqueiam a mente e murcham o coração.

Então, eu voo distante dos sentimentos que machucam, dos pensamentos que atordoam, dos planos que se modificam com a dinâmica da vida, desencontrando-nos, refazendo caminhos, recalculando passos e novamente encontrando-nos.

Um voo que nos afasta daqueles que nos fazem infelizes, tristes, melancólicos. Um voo que nos distancia das impressões negativas, das reviravoltas do destino, dos conhecimentos que se acabam, dos amores que se extinguem, das presenças que se vão, das conversas que não encontram eco, do espelho que não tem reflexo, dos males da alma, das tristezas do coração, das fantasias da mente.

Um voo que nos expurga a alma, a mente, o coração.

Um voo solitário? Porque a solidão tem seus momentos de benefício, mas não deve ser longa nem perene. Um voo a dois? Pode ser, mas não necessariamente. Um voo em grupo? A águia não voa em bandos.

Então, um voo, simplesmente um voo para encontrar outros iguais, outros diferentes, conhecidos, desconhecidos. Para encontrar novas paragens, novos horizontes, novos estímulos, novas energias. Para refazer as forças das asas e continuar voando, alimentando-se durante o voo das forças positivas que pairam no universo e encontrar o novo, com esperança, expectativa sem excesso, disponibilidade, aceitação.

E qual é o seu voo? Não, antes tenho que perguntar: você quer voar? Você quer ser uma águia para desprender-se de qualquer compromisso e simplesmente fazer parte do horizonte, sendo somente vislumbrado, mas consciente de que o universo é seu espaço, sem intrusos e sem presenças? Você quer perceber que somente a sensação de liberdade é sua companheira?

Tereza Freire
Enviado por Tereza Freire em 11/06/2016
Código do texto: T5664583
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