NATUREZA LITERÁRIA...
Em torno dos oito anos, passei a me interessar pela escrita. Curtia escrever frases “coloridas”, isto é, ricas de adjetivos.
Ao fazer as tarefas escolares e atividades extras, caprichava no traçado das letras. Essas tinham de ser tão perfeitas quanto às minhas criações.
Como meus primos não se dispunham a ouvir minhas artes, fazia dos bichos (galinhas, porcos, cachorros e gatos) meu público ouvinte. Quando emitiam quaisquer ruídos, sentia-me realizada; interpretava-os como apreço às minhas produções. Agradecia-lhes e saía saltitando pelo quintal.
Certo tarde, ao concluir meu trabalho, ouvi aplausos, era meu avô paterno. Após, abraçar-me com muito amor, disse:
– Tu, quando cresceres, estarás sempre às voltas com escritos e livros. Cuide bem deles e nunca te esqueças deste velhinho de olhos azuis tal qual o céu.
Sorrindo, beijou minhas mãos e as ergueu para o alto como se estivesse libertando um pássaro.