Nostálgico
“Jair Rodrigues, Elis Regina, Tom Jobim, Tião Carreiro, Cartola, Renato Russo e companhia, acalmem-se aí onde estão! Preferiria que não vissem nada, mas realmente tudo o que estão vendo é real, infelizmente está acontecendo e não há mais maneiras de controlar. É uma mó de azenha rolando morro abaixo...”.
Sem dúvida seria isso mesmo o que muitos de nós falaríamos á eles caso fosse possível. Eles não suportariam de maneira nenhuma ver a música brasileira se definhando aceleradamente como está. O Cartola lamentaria ouvir pagodes melancólicos que remontam estórias de adultério sobre um paspalhão ultra submisso. O Jair Rodrigues se lembraria do festival da canção de 1967 e baixaria a cabeça entrando em depressão crônica. O Tom Jobim e Elis Regina veriam a troca da bossa no Rio de Janeiro pela “bosta nova” do funk e entrariam em colapso nervoso. E o Tião Carreiro? Esse com certeza conseguiria infartar mesmo depois de morto ao ver o “sertanojo universiotário” se espalhando feito praga ruim em lavoura. O Renato Russo provavelmente soltaria um grave em dó menor e faria uma canção de protesto contra muitas bandas do pop rock atual.
Ouvir a harmonia na música da família Jobim, a coerência e o romantismo nas batidas dos sambas antigos, ver o canto com a alma típico de como cantava e se apresentava o Jair Rodrigues, a técnica vocal de Milton Nascimento, a levada de João Gilberto, o piano de Tom Jobim, o sotaque dos Demônios da Garoa, o ponteado do Tião Carreiro, as composições de Renato Russo, o engajamento e a simplicidade do rock da década de 80 é simplesmente magnífico. No entanto, quem não sabe como é, simplesmente dá de mão e nunca se deu a chance de conhecer o que realmente presta!
E agora? No lugar do bom pop rock, uma harmonia e uma letra extremamente pobre (salvo raras exceções). Nas roças, as catiras foram substituídas pelo famoso batidão (depois de 9 meses vem o resultado). Na MPB ainda há remanescentes da velha guarda, mas por pouco tempo infelizmente... No samba não há como enxergar um futuro descente, haja vista que o pagode “cornólatra” toma conta...
O que resta é esperar e usar a fé para não desabar de vez.