Saudades do que não vivi...
Ela foi chegando devagarzinho, contagiando-me a alma aos poucos, insinuando-se com seu ritmo gostoso e suas lembranças doces e apaixonadas. É dessa dança bem nordestina que falo, o côco, essa que nos faz remexer as “cadeiras”, nos envolve a alma, alegrando nossos corações. Escutando esse ritmo, não consigo permanecer inerte, levanto, corro para o meio do salão e me ponho a dançar, os pés acompanham o ir e vir dos quadris, o sorriso é largo no rosto, as imagens vêm à mente e me vejo num chão batido, ouvindo os instrumentos de sopro e de percussão embalarem todos nós embriagados por essa música que nos fala ao íntimo. O chão é de barro, o barraco é de taipa, mas tudo é belo, as bandeirolas que decoram o ambiente, a fogueira que nos esquenta a noite, os casais que se amam enquanto dançam, fazendo juras de amor. Santo Antonio, São João, São Pedro a abençoarem tudo e todos. Eu de minha parte, sinto-me enebriada, quanta simplicidade e quanta beleza, até a saudade nessa hora é benfazeja.