EU OUVO, TÚ OUVAS...
Crônica de:
Flávio Cavalcante
 
 
     Nem os mais catedráticos gênios poliglotas conseguiram decifrar que tipo língua foi usada a palavra OUVO. É bem verdade que a cacofonia da nossa língua é tão espetacular que quanto mais se tenta explicar tudo de ruim pode ficar. Não é à toa que sou um eterno apaixonado pelas letras e vejo diariamente cada coisa que até Deus duvida se existe de fato. Os atropelos da língua vindo de pessoas que jamais poderiam advir tal façanha de erro; aliás, posso delatar com toda convicção. Acontece. Aliás; errar sempre foi coisa do humano. O que não poderia jamais acontecer nesse patamar. E aconteceu. Aconteceu a gafe e não teve choro nem vela e nem fita amarela. Tipo de erro imperdoável. Acho que se só o Hinri Cristi aqui para apaziguar a situação do “nobre” secretário. É certo que buling no país é crime mas os anarquistas não perdoaram.
 
     Sou da época do Kichut, do conga, sou da época que a tarefa da escola para casa era de lei obrigatória; sou da época da professora Lourdes Cacetão que todos temiam o tamanho da sua palmatória na mão. Da sua rigidez que não alisava a cabeça de alunos.  Todos tremiam quando a ditadora passava nos corredores das cadeiras da sala de aula com a sua régua de madeira quase que intimando o aluno a responder corretamente a tabuada e ou a cartilha do ABC – Ai, do cristo que errasse a pergunta. A cruz estava no ponto certo do calvário. Nunca ouvi dizer que algum aluno tivesse morrido pelas leis duras das escolas.  O sofrimento era necessário no início. O glamour da alegria de passar num vestibular era o prazer e o orgulho de nossos país de dar o maior bem dos seus esforços; o resultado do estudo e o prazer de ouvir o primeiro grito de guerra. Papai, Mamãe... Passei no Vestibular.
 
     Estamos vivendo um momento no país onde governantes e aliados do governo anterior não aceitam a derrota e acusam os adversários de golpistas e outras coisas. Parecem lobos famintos fora das tocas com sua alcateia esperando a hora certa para dar o bote certeiro. É como as sete pragas do Egito que se espalharam por todo o lugar. Qualquer deslize que venha acontecer no governo atual vira uma crise de algazarras e agitações nas redes sociais e as feras se incumbem de espalhar para os quatro cantos mundo.
 
     “EU OUVO” Foi a sensação do momento. Redes sociais congestionadas depois de uma entrevista ao vivo por telefone onde a repórter perguntou ao novo secretário de educação. Secretário você me ouve? Perguntinha maldita no lugar errado e na hora errada. “OUVO” Resposta imediata. Doeu no ouvido e deu até pra ouvir Aurélio Buarque de Holanda de remexendo no túmulo. O que dirá o professor Pasquale Cipro Neto um genial professor de língua portuguesa? Até o próprio secretário de educação deve estar se perguntando como ele conseguiu fazer tal façanha.
 
     Não sei quem é mais asno; se tropeçar escandalosamente na língua portuguesa num momento crucial que jamais poderia haver qualquer deslize ou aquele que atirou a primeira pedra se prevalecendo da desgraça alheia e abjeta afim de obter alguma promoção grandiosa.
 
     Não se pode esperar um representante culto de educação num país onde este requisito é de total escassez. Como posso cobrar de um secretário de educação falar e respeitar a nossa bela língua se a maioria do país nunca conseguiu ler uma página completa de um livro? Aliás, nunca entrou numa biblioteca para nem saber o que se encontra lá dentro.
 
     Como posso cobrar de um secretário de educação se o que se escreve nos meios virtuais ferem qualquer parâmetro do absurdo e mostra claramente que precisam voltar urgentemente para o jardim de infância?
 
     Será que o asno é realmente o secretário que erra por não ter o mínimo conhecimento do que significa o cargo que puseram em suas mãos? Ou posso dar esse título a todos anarquistas que jogaram porcarias no ventilador porque ouviram a banda tocar e não sabe onde?
 
     O meu olhar crítico da famosa frase “Eu ouvo” É de vendar os olhos para este tipo de erro e não para as aberrações que encontramos no dia a dia. Tenho saudades dos tempos de outrora. Estes que a própria burrice dos comandantes jamais permitirá a sua volta. Então ao ouvir o grito. Eu ouvo e o povo ouva. O lamento da educação que acabou de descer a campa por não querer ver a vergonhosa ditadura gritar em prol dos seus interesses próprios.
 
 
Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 07/06/2016
Reeditado em 07/06/2016
Código do texto: T5660351
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.