Surpresas da Vida.
Conheci uma jovem mulher de beleza ímpar, de uns 25 anos mais ou menos, mãe de um garoto, gerado de um estupro aos 14 anos. Este trágico acontecimento foi me contado por ela própria. Os pais católicos praticantes a proibiu determinantemente qualquer processo abortivo. A criança ao nascer fora registrada com paternidade dos avós. Dizia ela ser muito difícil em cidades interioranas as não virgens, arranjarem casamentos. Os rapazes só querem aproveitar, falou em compromisso sério, logo caem fora. Houve uma rica proposta de ser amante de um latifundiário, ela não aceitou por dois motivos; primeiro não tinha nenhuma atração pelo o ricaço casado, segundo; mataria os pais de desgosto. E vendo aquela criança como irmão sentia muito desconfortável, principalmente por parecer a cara do pai estuprador.
Aos 18 anos, largou o pequeno distrito e veio para BH morar com uma prima casada com um pedreiro. A prima tinham três filhos pequenos e esperando outro. Arranjou serviço de vendedora em uma loja na Savassi, onde exigia aparência e elegante postura, mas o salário, uma mixaria. O salário não dava nem para ela e sentia na obrigação de ajudar com as despesas da prima. Paralelo ao serviço da loja começou a trabalhar em uma parte da noite em uma casa noturna de garotas de programa. Como a casa noturna rendia mais pediu as contas na loja de modas. Para a prima ela era telefonista. Tudo ia muito bem até que um comerciante da terrinha, a viu nessa casa noturna e quis fazer um programa, pediu o tripulo e ele topou, prometendo não espalhar a notícia lá no interior. Ela disse que dispensou o nome próprio Maria do Rosário e passou o pseudônimo Frida, que na gíria popular é nome de guerra o que ela detestava.
Na estadia dessa casa noturna, dizia ela, aprendeu as manhas de enlevar os freguês a êstases. Também não embarcou na onda das colegas, a maioria no consumo de drogas. Outro lance era algumas apaixonada com os tais gigolôs, havia uma que as vezes estava cheias de hematomas por não ter levado dinheiro para o gigi, segundo ela o diminutivo de gigolô.
Depois que o tal conterrâneo a viu na casa noturna em BH, rumou para São Paulo; chegou a fazer vida na “Boca do Lixo.” Mas alguém a levou para a “Boca do Luxo.” Ela dedicou três finalidades; primeiro; ganhar dinheiro, segundo; ganhar dinheiro, terceiro; ganhar dinheiro. Fazia programas com altos funcionários do estado. Chegou a fazer programas com senadores, deputados,jogadores famosos de futebol e empresários de diversas matizes. Realizavam –se suas fantasias sexuais, que não tinham coragem de fazer com as esposas.
Depois dessa conversa, passados alguns anos, estava eu atravessando a Afonso Pena, ouço uma voz me chamando, quando olho era Frida, bonitona como sempre num baita DMW. Só deu tempo de um tchau, antes que o sinal verde desse lugar ao vermelho. Pensei comigo; você menina, mesmo por linhas tortas, venceu!... Quem sou eu para julga-la.
Lair Estanislau Alves.