A vida em paradoxo

George Carlin uma vez disse que nossa vida é regada de ar limpo, mas uma alma poluída. Repleta de homens grandes, porém de caráteres pequenos. Temos anseio por planejar demais e realizar menos. Produzimos edifícios cada vez maiores e os pavios cada vez mais curtos. O que estamos fazendo de nossa vida?

Desejamos amores, paixões e risos, no entanto controlamos nossa vida por pílulas e fechamo-nos para o mundo. Rimos de menos e choramos de mais. Graduamos os momentos e propagamos a efemeridade sem considerar a grandiosidade de cada dia. Pensamos no futuro mas prezamos o agora. Somamos as relações, subtraímos as despesas, multiplicamos os valores contudo, dividimos nosso tempo. Corremos mais, andamos menos. Cronometramos todo um dia que não sabemos mais como resolver os obstáculos do dia a dia. Montamos listas, seguimos à risca e prevemos as consequências. Estudamos mais, nos esforçamos mais e não ficamos satisfeito com a falta da conquista.

Foi- se o tempo da leitura, da cultura, do deleite. O tempo sem medo, da batalha, da alegria. Um tempo de conquistas maiores por caminhos pequenos. O tempo de aproveitar a caminhada e seguir o objetivo observando a vista. Uma vida de horizonte distante regados de sonhos grandes. Acabaram os momentos familiares, das pessoas próximas e da duplicação dos sentidos. Não se vê, ouve, sente, toca. És agora um tempo de cegueira para todos, do horário curto, da otimização, quer dizer, da automatização. Não existe nada! Acabou o que era real, a vida agora é paradoxal.

Karoline Silva
Enviado por Karoline Silva em 06/06/2016
Código do texto: T5659400
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