Meu Dilema

Acho que só os mais adentrados nos anos recordam de uma música de Adelino Moreira, interpretada por Nelson Gonçalves, chamada "Meu Dilema", que diz num verso:"Fiquei entre a cruz e a espada...". Adoro essa música ela me traz recordações arretadas de Arcoverde, paixões da adolescência.

Mas o dilema que vou tratar é outro, neca de pitibiriba dos amores dos bons temos. Seguinte: um amigo metido a intelectual, doido por literatura, havia me covidado para assistir a uma coferência de um grande escritor, nem sei qual, parece que foi o Padura, o cubano. EDra um cobrão das letyras. Imperdível. Não soiu fã desse tipo de evento, prefiro ler os livros, acho programa chato. Mas o cara me convidoue eu aceitei. Era a noite, madei até dar uma "guaribada" a única calça comprida que teho, o elástico da citura está esculhambado e o tecidose esgarçado, perocurei o velho teis, tem 20 aos, e uma camisa que aindausava no banco, tem 22 anos, enfim,me preparei para a conferêcia. Mas aí... Bom, recebi um telefonema de outro amigo, Tonho Negão (se chamar afrodescendente ele briga). O telefonema dele medeixou num dilema.

Tonho Negão me avisou que receera auma mata de carede sol de Caicó, umlitrode manteira de garrafa, duas garrafas de cacahaça mineira, tinha providenciado um freezer de cerveja, e a esposa dele, umadasmelhiores cozinheiras do mundo, estava assando a carnede solnos trionques, ia fazr a farofa de água com coentro e cebobilha, o purê de gerimum e o feijão verde tgava nos conformes. Mais: quejá tinhaarrumado uma aguilha nova para a radiola e tinha separado os discos bolachões de Nelson, Sívio Caldas,Elisete, Dalva de Oliveira, Ângela... E tinha avisado a patota toda, que opassaria assete e meia para me pegar com aminha esposa (que adora essa carne desol de Caicó). Fiquei chateado, o que dizer ao amigo metido a intelectual,mas aí vi meu neto digitando a maquininha e tive uma idéia, absurda, mas era a única maneira de me sair bem bahistópria, pedi ao neto que ligasse para o intelectual dizendo que eu nao podia ir, a mulher vetou,mandou que eu mesmo ligassepara ele dizendo a verdade, queentre a carnede sol de Tonho Negão e ujma conferência eu sentia muitomas ficava com a carnede sol. Fiz isso, todo sem graça, mas fiz. E naome arrependi,nunca comim umacarne tão boa e há muito tempo não medivertia tanto,e a cachacinha mineira ajudou paca, ela e ols velhos discos.

Isso foi numa sexta-feira,na segundadeixaram um livro para mim na portaria, era "O Hiomem que amava os cachorros", do tal Padura,estou lendo, masnçao vejo a hora de comer outra carnede solna casa de Tonho Negão. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 06/06/2016
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