Noves fora
"Noves fora sobra o pobre".
Amanheci com esta frase na cabeça. Devo ter sonhado alguma coisa. Passei o dia sem poder me concentrar em algum fragmento do sonho que me elucidasse a conclusão. Nada. Deve ter algo a ver com a série Touch, que não deu pra assistir ao último episódio da temporada ontem e fui dormir meio contrariada, apesar de feliz por outros motivos. O último pensamento que me lembro de ter tido antes de dormir foi que não entendo patavina de algorítimos, base do enredo da série. Eu sou de um tempo em que nem havia computadores, e do menino que sabia tudo sobre eles eu tenho muito, mas nada referente a isso. Mas, daí ao noves fora não vi ligação até agora. Talvez nem seja nada relacionado ao filme, sei lá. A gente pensa em tantas coisas antes de dormir e sonha com outras bem diferentes. Até poderia pegar esta frase e escrever alguma coisa sobre contas da humanidade que nunca fecham, mas não estou num bom momento pra ficar filosofando ou passando raivas desnecessárias. Aliás, eu tenho uma raiva enrustida durante décadas, justamente por causa desses noves fora, que tentaram me ensinar quando eu era criança e não houve jeito de eu aprender. Peguei entojo desses noves fora e de todos os velhos (foram dois) que tentam enfiar antigas caraminholas, lá do tempo deles, nas cabeças de crianças. Hoje, tive um insight meio maluco: "estando eu velha e já tendo adquirido um jeito velho de pensar, quem sabe hoje eu entenda esta porcaria?" Fui pesquisar. Não é que eu entendi? Não sei se fiquei feliz pelo alívio de poder tirar mais uma raiva de dentro de mim, ou se fiquei ainda mais triste. Poderia ter aprendido quando era criança... Tanta coisa poderia ter aprendido se me ensinassem... algorítimos, talvez. Agora tô velha pra aprender tanta coisa! Só sei que aprendi a conta dos noves fora e também a certeza que só o pobre sobra no final de todas as contas. Pena eu ter que viver tanto para aprender duas coisas tão simples....