Os trabalhadores são o problema.
Pode-se dizer que no capitalismo os trabalhadores são o problema, o estorvo. Digo isso porque em qualquer crise econômica, grande ou pequena, quem vai para o sacrifício é sempre a classe trabalhadora.
Numa visão maniqueísta dentro da ótica capitalista pode-se inferir que os trabalhadores são o mal, enquanto os empresários capitalistas são o supremo bem. O pior é que tem muito trabalhador que acredita nesta máxima.
Veja que se tem crise o ônus é sempre do trabalhador. A solução passa por sacrifícios dessa classe de pessoas abjetas que atravancam o desenvolvimento do capitalismo. O primeiro remédio, sempre receitado, é diminuir custos para aumentar a produtividade dos produtos tupiniquins no exterior. E qual custo que vai ser cortado? Adivinhou quem pensou que é o fator trabalho. Rebaixar salários, demitir pessoas e extinguir benefícios são as principais medidas. Traduzindo para o popular, discursam que é preciso que os pobres fiquem ainda mais pobres, para possibilitar que os ricos fiquem ainda mais ricos. E assim capitalizados os ricos “farão” investimentos para que seus lucros fiquem ainda maiores. E o trabalhador? Ah! Sim, este tem a previsão de que no “futuro” a economia melhore, e então ele terá emprego, poderá “usufruir” novamente de um salário, naturalmente que será necessário que sobreviva a crise.
Benefícios sociais, programas de saúde, educação e garantias dos direitos trabalhistas são aberrações, entre outras, que a classe dos degenerados necessita e que são verdadeiros entraves ao enriquecimento dos ricos, digo, ao desenvolvimento da economia.
É preciso preservar o capitalista, custe o que custar. Já percebeu que os donos do capital nunca vão para o sacrifício? Eles não precisam fazer esforços, conter gastos, ao contrário, são os trabalhadores que precisam conter gastos para que os capitalistas capitalizem-se. Então tá! Mesmo que essa contenção de gastos sociais custe a saúde e até a vida de trabalhadores. Não faz mal, trabalhador tem bastante, ao contrário dos capitalistas que são em número bem inferior, já observou?
O estado também pode ir para o sacrifício, mas não os capitalistas. O estado deve fornecer estradas, portos, isenções e subsídios para que os capitalistas fiquem capitalizados. Também deve fornecer força repressora, judiciário e polícia, para que os bonzinhos capitalistas tenham seus capitais, digo, direitos preservados. Em suma, estado máximo para os capitalistas e estado mínimo para os trabalhadores.
Recordei de uma piada, entre um otimista e um pessimista, que conto a seguir. O sujeito otimista diz para o outro: “A crise está grande e para sobreviver a sociedade vai ter que comer m...” Então o pessimista responde: “o problema nem é esse. O problema é que não tem m... suficiente para todos”. Se você fizer uma analogia da piada com o texto acima, advinha para qual classe vai faltar m...?