PAZ E GUERRA!
Paz e guerra
Após o golpe de 1930 pelo gaúcho Getúlio Dornelles Vargas, derrubando nosso Presidente Washington Luís em 24 de outubro pela tomada do poder, causando aos revoltosos, que pegaram em armas, os brasileiros do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraíba. Em 1932 o povo paulista estava farto da governança Getulista. Ninguém aguentava mais viver sob aquele autoritarismo.
Havia uma sociedade secreta que propunha uma revolução constitucionalista a ser deflagrada em 14 de Julho, pelos ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, mas em face das provocações dos militantes do PRP Partido Republicano Paulista, com o sacrifício dos transeuntes pela Praça da Republica em 23 de Maio, levando a óbito Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo, a sociedade secreta passou a se identificar pela sigla MMDC, referindo-se aqueles mártires. Antecipando-se, assim, a eclosão revolucionaria para o dia 9 de Julho.
Os Paulistas, desde 1930 já se aprontavam para a guerra cívica, com seus preparativos bélicos, através do parque industrial paulista. A Liga das Senhoras Católica e o Centro Professorado Paulista já criavam suas oficinas de costura para o fardamento. Promoviam-se campanhas, desde alistamento através de cartazes, das doações de ouro para compra de armamento e lastro da moeda independente do cruzeiro.
Nesta ocasião não havia numa só família que não houvesse um combatente, e, na minha não foi diferente. Meus tios se fardavam, em que pese não irem ao fronte, mas davam o exemplo aos mais jovens para erguerem armas. Assim ele, o Carlos Henrique do Amaral, o primeiro executivo brasileiro a dirigir uma empresa americana, a Esso Stander Oil, boicotava a distribuição de gasolina e óleo nos estados que apoiavam Getúlio Vargas. O outro tio, Juvenal do Amaral, que ocupava a direção da Companhia Telefônica Brasileira, interceptava as ligações inimigas, informando o Comando Geral da nossa milícia, a Força Publica e o Governador Pedro de Toledo.
Meu pai com dezoito anos também lutava na retaguarda, a exemplo de seus tios.
Desde 1972, por ocasião do desfile dos quarenta anos da Revolução Constitucionalista, eu me propus acompanhar meus tios idosos desde então até sempre nas suas ausências, a continuar desfilando e contribuindo como voluntário no Movimento Constitucionalista de 1932 MMDC; assim fazendo, fui agraciado com a comenda Pedro de Toledo, instituída naquele ano, pelos serviços prestados as comemorações do 40º Aniversário daquela epopeia paulista.
Pelo exemplo, filosofia de Baden Pawell, fundador do Movimento Escoteiro, que ensina os jovens fazendo pioneirismo, por intermédio do escoteiro Aldo Chioratto, vitima da revolução pelo trabalho prestado como mensageiro, também meus filhos Henrique e Camilo, escoteiros do Grupo Guia Lopes nº 39, vem acompanhando-me nos desfiles de 9 de Julho no Parque do Ibirapuera, onde se localiza o Mausoléu aos heróis que tombaram em 1932, inclusive os despojos do referido escoteiro.
Presto aqui as minhas homenagens a tão relevante fato histórico, deturbado pela ideologia getulista que pregava o nosso movimento como separatista. Ledo engano, pois em nossa bandeira ostentamos o mapa do Brasil, prova da nossa brasilidade. Bem como as listas negras do nosso luto o branco da sonhada paz e vermelho do nosso sangue derramado em prol da Constituição.
Fomos vencidos nas armas, porem vitoriosos nos ideais conquistando em 1934 à tão sonhada Constituição.
O armistício se deu em 2 de outubro de 1932, marcando na História do Brasil nosso feito de glória e de Patriotismo desta brava gente pela pátria livre ou morrer pelo Brasil.
São Paulo 5 de junho de 2016.
Chico Luz