CURIOSIDADE
Todas as manhãs, sentado em um banco da praça, de cabeça baixa, debaixo de uma árvore, um jovem lia seu jornal, sua revista e seus livros.
Algumas pessoas passavam por ali fazendo caminhada. Incomodadas com a presença daquele jovem, todos os dias, com chuva ou com sol, fazendo frio ou fazendo calor, ali estava ele. Após sua leitura diária, ele começa a olhar para cima. Olhava os pássaros que ali cantavam, olhava para as flores, mesmo estando elas desfolhadas e cheias de formigas, abelhas, moscas e outros insetos, ficava ali observando. Observava também as pessoas que ali passavam. Não falava nada. Não sorria, não se mostrava apático à sociedade.
Um, dois, três, quatro meses se passaram. A rotina do jovem era a mesma. Sentado, lendo, observando. Era sua rotina.
Aquela presença juvenil estava importunando algumas pessoas. Era muito estranho ver a figura ali sentada, lendo... Então reuniram-se e foram perguntar ao jovem:
- Jovem, não sabemos o seu nome, nem tão pouco sabemos quem você é. Todas as manhãs, nesta praça, com seu jornal, sua revista, seus livros, você os lê. Não conversa com ninguém, nem mesmo tem a educação de cumprimentar as pessoas que aqui passam. Não sorri, não se faz alegre em nossa presença. O que você nos diz a esse respeito?
O jovem permanecia lendo os livros, de cabeça baixa deu uma pequena olhada para aquele grupo de pessoas. Eram mais ou menos seis pessoas. Abaixou novamente a cabeça leu a última página daquele livro.
O grupo ali permaneceu por algum instante, meio impaciente, mas querendo saber uma resposta daquela peça tão diferente da sociedade.
Levantando a cabeça rapidamente, vendo o grupo a sua frente, o jovem pegou seus pertences, lentamente se levantou e disse:
- Por que vocês se preocupam tanto ou tanto incomodam com minha presença aqui. Não sabem que esta praça é pública. Não sabem que todos os dias eu amanheço feliz, porque sei ler, sei pensar e sei responder a pergunta de vocês.
- Estou aqui para estudar a curiosidade de vocês e de todos que se incomodam comigo. Como seria bom se todos vocês, ao invés de se preocuparem comigo, de se sentirem ofendidos com a minha presença, juntassem a mim, trazendo livros, revistas, jornais, fazendo comentários e criando críticas a este universo literário. Lembrem-se, que a leitura, o conhecimento, a crítica, o pensamento são a arma para vencer. Ninguém, nenhum homem poderá tirar o seu conhecimento, a sua capacidade.
- Sou feliz porque aprendi a mergulhar nas águas da leitura. A perceber o quanto as pessoas são pequenas diante do mistério da vida, do mistério do universo. Então estudo a curiosidade das pessoas.
- Quando verem alguém lendo, seja no banco da praça, no ônibus, em qualquer lugar, compartilhe com ele também um pouco de seu conhecimento para assim não julgarem falsas as suas observações.