O PAPA , O MOSQUITO E O ANTICONCEPCIONAL
O Aedes aegypti mede menos de um centímetro de comprimento, bem menos, aproximadamente 6 milímetros. Menor que um mosquito comum. Seu nome quer dizer “o indesejável do Egito”.
Após o acasalamento, a fêmea, a “mosquita” como prefere dizer nossa “presidenta” precisa alimentar-se para promover o saudável desenvolvimento de seus ovinhos. É neste momento que ela, sedenta de sangue, sai atrás do ser humano mais próximo para dar suas picadinhas e prover o bom desenvolvimento de sua futura prole.
Posto e eclodidos seus ovos, em apenas 10 dias já estará formada uma nova geração de mosquitinhos ávidos para novamente acasalarem e saírem por aí atrás de um brasileiro para alimentar-se, estou falando do Aedes aegypti do Brasil.
Em seu cérebro minúsculo de mosquito só cabem duas informações básicas: Alimentar-se e fazer sexo, fazendo isso já se dão por satisfeitos , não precisam de mais nada. E pensando bem, não estão de todo errados.
Esse mosquito de hábitos tão simplórios e rotina tão acanhada é o motivo de toda esta baderna em nosso planeta.
Tão preocupante que provocou movimentações até mesmo nas hostes católicas na fala do Papa Francisco ao admitir a possibilidade do uso de métodos contraceptivos como um “mal menor” em vista da possibilidade da autorização do aborto em mulheres cujo feto foi diagnosticado com microcefalia.
Há 20 anos o Brasil luta de forma “à brasileira” no combate ao Aedes aegypti, com suas trapalhadas, desvio de verbas, superfaturamentos, tudo aquilo que já sabemos , e também de forma “à brasileira“ vem alcançando resultado algum.
A cada dia aumenta o número de casos de dengue , zika , chikungunya e cia . . . num país que se diz inteiramente voltado ao seu combate.
Nunca a proliferação do mosquito , e das doenças que ele transmite , causaram tanta inquietação na população do planeta. Tamanha é a gravidade da situação que estimulou o Vaticano a discutir e questionar um de seus dogmas , até então indiscutível e inquestionável , o uso de métodos contraceptivos .
Com algumas décadas de atraso a igreja admite na voz de Francisco, e com uma forcinha da “mosquita”, que “evitar a gravidez não é um mal absoluto”. Sempre gostei deste papa, homem a frente de seu tempo.
Apesar da igreja sempre ter tido uma posição radical em relação a qualquer meio contraceptivo , inclusive acusando-os de métodos “pecaminosos” , utiliza-se agora do bom senso e revê seus princípios seculares em vista de uma nova realidade demasiadamente perigosa que merece avaliações responsáveis , pois trata-se fundamentalmente da preservação da vida humana.
Do alto da cúpula eclesiástica, ao mísero Aedes aegypti, simplório ser vivo de poucos recursos, existe um ponto em comum que nos dá grandes lições: a necessidade do uso da razão em todos os aspectos da existência.
É o homem curvando-se perante a natureza para reconsiderar seus conceitos.
De fronte ao pequeno inseto de 6 milímetros de comprimento, admite-se impotente e promove desta forma uma revolução, tanto cientifica quanto filosófica, que trará benefícios para toda a humanidade, quer nos aspectos de saúde pública quer nos aspectos ideológicos ate então imutáveis.
Demonstrado está, mais uma vez, que tamanho não é documento.