Não tenho mais a força do verbo,
Se é que me algum dia já a tive.

Sou um passado remoto,
Um futuro incerto
E um presente duvidoso.

De todas as eras que vivi,
A que mais temo é a presente,
Pois a de ontem sepultei,
Embora seus ossos brotem da terra nas noites escuras a me assombrar.
J
á o futuro delineio em devaneios pueris enfeitando-o com balões laminados de hélio.

Enquanto o presente,
Indigesto quanto uma separação inesperada,
Tem o gosto do pão amanhecido...

Vivo quando quero esses três tempos e gostaria de me esquecer,
mas ainda me lembro do que não quero
enquanto que me esqueço do que me espera...