A SOMA DE TODAS AS CERTEZAS – UMA CRÔNICA DO ABSURDO

Que minha vida seja tão inesperada quanto um encontro com um unicórnio...
Foi esse o meu desejo, antes de nascer, diante do leão que guarda os destinos naquela descida para este mundo.
Fitou-me com seu olhar altivo, medindo cada pedaço da minh´alma diante do mistério que representa cada existência.
- Tem certeza do que pedes?
Não, eu não tinha. E como podemos nós, seres limitados a um pedaço de carne em um mundo veloz que se desgoverna adentro no Universo ter de algo uma absoluta certeza?
Quero na dúvida eterna assentar minha âncora de névoa.
E lá vou eu escorregando para dentro de um corpo através do duto colorido que encaminha as almas.
E por que deveria minha versão da história ser a errada?
E se da cabeça de uma criança nasceu o Universo e nesse intrincado caos aprendemos a ver certa ordem de coisas como aquele que crê que cada nuvem tenha sua própria forma e que essa represente uma que lhe vem à mente?
Não há ordem no Universo. Há apenas o caos que nossa insensatez alinha, como se fosse possível reinar do alto de um vulcão em eterna erupção.
Porém há um Deus. Dizem todos os crentes e há alguns que creem que há muitos e mesmo os que em nada creem e possível seja que todos estejam certos.
Esse é o caos: a soma de todos as certezas resultando em um paradigma que ordene todas as coisas.
Para entender, criamos a ciência que se explica em teorias e exceções de regras.
Porém, dentro do caos podemos prever certos movimentos, alguns fenômenos e até escolher a cor dos olhos do próximo bebê.
Isso não indica que o caos vencido foi, mas que estamos ainda distantes da solução final da equação fundamental:
Quem criou o ovo?