Hoje, vivi uma dessas cenas cotidianas que nem pretendia contar, mas foi algo tão bonito que merece o registro. Indo de metrô para o Centro, um casal de jovens entra com violinos na Estação da Praça Onze, se ajeitaram e começaram a tocar com habilidade algumas peças clássicas e populares. Ao final da apresentação, logo após a última nota, eles gritaram juntos: “Fora, Temer!”. Cheguei a temer que alguém esbofeteasse os garotos, mas o vagão inteiro aplaudiu, algumas pessoas ficaram de pé. Acredito que o casalzinho tenha saído com os bolsos cheios daquele vagão. É lindo ver jovens que lutam, que se posicionam, que agregam consciência à arte. Já sou um coroa e também tento fazer a minha parte, escrevo as minhas bobagens, mas uso os espaços que tenho para defender o que eu acredito, para ser resistência e solidariedade. Uma vez, um amigo me disse que eu não devia me incomodar se me sentisse chato insistindo numa escrita engajada, que colabora com um mundo mais nobre; seria pior ceder à alienação que defeca fontes no Word, juntando palavras para alimentar a porca gorda e egoísta que chamamos de vaidade.