Estupro consentido
O Instituto Lula tem todo o direto de considerar “nojentas” as gravações veiculadas pela mídia entre Sérgio Machado, Renan Calheiros, Romero Jucá, José Sarney e Fabiano Silveira. Principalmente se for confirmado, como quer o Instituto, que tenham sido armadas. E claro que foram. Pelo Sérgio Machado, preocupado com os benefícios que poderá ter com a delação premiada. Embora seja difícil aceitar que Sarney, Jucá, Renan e Fabiano fossem comentar com o Sérgio Machado o que comentaram se soubessem que estariam sendo gravados.
De qualquer modo, dentre outros pontos, as revelações acabaram por mostrar algo que a população já sabia, mas não tinha certeza. Que praticamente em todas as obras feitas no país – nunca poderemos generalizar, é claro – rolam vantagens de que a sociedade não fica sabendo. Isso só pode ser revelado porque Sarney, Renan, Jucá e Fabiano não sabiam que estavam sendo gravados. Ou não teriam mantido os diálogos que deixaram perplexa, pelo menos, parte da sociedade. Por se tratarem de depoimentos feitos às claras por presidentes disso, daquilo e daquilo outro. Pessoas com poder e influência na administração da República.
Aceitar isso de forma irrecorrível e calada é como consentir o estupro, acabando por aplaudi-lo sorrindo, com base nas piadas que costumamos fazer de tudo. Enquanto que a queda do PIB por cinco trimestres consecutivos nos mostra que “os indicadores da economia recuaram a patamares de até 2003”.
Rio, 02/06/2016