Só sobrou para o garçom

Critico muito a mídia golpista, mas quando um dos seus raros jornalistas independentes escreve um texto verdadeiro, apontando erros em todos os segmentos, sem mistificar e sem esconder os fatos, eu fico contente e esperançoso que a imprensa se redima. Foi o caso do texto que transcrevo:

VALENTIA, SÓ PARA DEMITIR O GARÇOM

Ellio Gaspari

"O ministro da Transparência doutor Faabiano Silveira, desafiou a lei da gravidade durante cerca de 18 horas. Afinal, ele chegou ao cargo por sugestão do senador Renan Calheiros. Com Romero Jucá aconteceu coisa parecida. Ele se segurou no cargo de ministro do Planejamento por quase oito horas. Nos dois casos, o presidente Temer transformou uma solução (a rápida dispensa) num problema (a demora com o 'por enquanto').

"O atual governo só se mostrou rápido e implacável com José da Silva Catalão, um garçom de 52 anos que trabalhava no quiarto andar do Palácio do Planalto. Ele servira a Lula e a Dilma Rousseff e foi demitido após Michel Temer assumir expediente integral. Pediu para ser poupado, pois bastava que o transferissem para outra copa. Nada feito, rua.

"Catalão nunca conversou com Sérgio Machado, não está em grampo algum. Nunca foi investigado por coisa alguma. Antes de trabalhar no Planalto como contratado, fora paraquedista. Distinguia-se por ser divertido num palácio contaminado pelo mau humor.

"Com a ida do comissariado para o Alvorada, foram mandados embora dezenas de pequenos funcionários. A demissão sumária e inapelável do garçom Catalão foi justificada porque um segurança teria visto quando ele tuitava informações para Lula. A fofoca é inverossímel e cheira a fofoca palaciana. De qualquer forma Catalão usa um celular primitivo,burro.

"Dias antes de ser demitido, Henrique Alves assumiu o ministério do Turismo, e Romeu Jucá, o do Planejamento. A Procuradoria Geral da República pediu inquérito sobre Alvese Jucá está sendo investigado junto ao Supremo Tribunal Federal. Dias depsois,Jucá foi derrubado pelo grampo do seu colega Machado e é freguês da Operação Zelotes.

"A degola de Catalão, contraposta à lentidão que amparou Jucá e Silveira, ilustrou uma questão de fundo. O atual governo pratica uma benevolência seletiva. Buscou uma maioria parlamentar à custa de obsequiosos silêncios em relação aodeputado Eduardo Cunha e a seu pitoresco substituto, entre muitos. Waldir Maranhão é o primeiro presidente da história da Câmara que evita presidir sessões. Tudosso em nome da preservação de uma maioria parlamentar.

"Aceitando-se a versão benigna dos governantes, essa maioria é como as salsichas, e não se deve perguntar comoelas são feitas. Tdo bem, mas esse era o argumento do comissariado petista no mensalão e no saque aos cofres da Petrobrás. Admita-se que a maioria de Temer foi necessária para excluir os petistas. Sobram o PMDB presidido por Romero Jucá,o PP e muitos santos menores. O presidente que anunciou um ministério de notáveis perdeu os titulares do Planejamento e da Transparência porque grampos transparentes expuseram tramas planejadas.

"Em 2003, quando Lulafoi para o Alvorada, instalou camareiros desua confiança no palácio. Fernando Henrique Cardoso havia preservado a equipe doméstica de Itamar Franco e, ao saber dessa mudança aparentemente trivial,comentou: 'Quando você se entrega ao partido de tal forma, acaba em confusão. O problema não é o Lula dar certo. É o que vai acontecer quando ele se der conta de que está dando errado'. Deu no que deu".

Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 01/06/2016
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