O TÔNICO VITAL

Ubiratan era um homem muito pobre e humilde que morava, sozinho, pois não tinha família, aproximadamente, vinte quilômetros, de um lugarejo ou vila, numa casinha amarela bem no pé da serra. Diziam que ele era meio índio meio branco, porque conhecia muitas plantas, que ele próprio usava e “receitava” às pessoas que sempre o procuravam quando não se sentiam bem. Fazia diversas perguntas e pelas respostas escolhia a planta ou plantas indicadas e sempre curava. A fama de curandeiro logo se espalhou por outros lugarejos, e cidades maiores da redondeza. Havia muita crença na “medicina” de Ubiratan e corria uma história que ele tinha curado até câncer em estado avançado, desenganado por médicos da cidade circunvizinha.

Longe dali havia um fazendeiro muito rico e sua família convivia com um grave problema de saúde de sua filha de nove anos de idade, muito fraca, desanimada, pequena pela sua idade e tinha dificuldade de acompanhar o currículo da escolar, sempre com notas bem abaixo de seus colegas da escola. Os pais já tinham ido a vários médicos e nenhum tratamento tinha dado resultado. A fama do curandeiro chegou até o fazendeiro por um de seus empregados, dizendo maravilhas sobre a fama de Ubiratan que curava pelas plantas. De perguntas em perguntas, chegou até a casa amarela no pé da serra com sua filha, com a maior esperança da cura. Depois de algumas perguntas e respostas e pela fragilidade da menina, o curandeiro diagnosticou uma grande fraqueza muscular. Ele entrou na mata e em pouco tempo apanhou algumas plantas ou ervas curativas, que ele conhecia muito bem, misturou-as e socou num pilão de madeira, maceradas soltou muitas seivas e em seguida colocou num litro de vidro que ele sempre tinha em sua, encheu com água, de uma nascente próxima da casa, previamente fervida. Agitou o libro com bastante força, que se tornou um líquido esverdeado, que ele chamava de tônico da vida. Entregou-o ao fazendeiro recomendando que ele desse à menina um cálice antes das principais refeições e que voltasse depois de um mês para que ele a examinasse. Quando o fazendeiro quis pagá-lo ele se recusou, dizendo que não podia cobrar uma dádiva da natureza. A menina, orientada pelos pais seguiu a prescrição e a cada dia sentia-se melhor. Passado um mês ao retornar à casa de Ubiratan, a menina estava praticamente curada. No segundo litro do tônico a menina se desenvolveu bastante, engordou e tinha uma tez bem corada, melhorou seu desenvolvimento escolar, com boas notas, equiparando-se às colegas da escola, o tratamento havia terminado.

Ubiratan continuou com suas curas à todas as pessoas que o procuravam, sempre de forma gratuita.

Que as plantas curam todos nós sabemos, de que forma e até que ponto, não sabemos.

Miguel Toledo
Enviado por Miguel Toledo em 31/05/2016
Reeditado em 12/06/2016
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